O MPLA E AS IGREJAS- Graça Campos



A nossa Constituição define Angola como um Estado laico, um Estado que não se subjuga aos ditames de qualquer confissão religiosa.

Com uma esmagadora maioria no Parlamento, expressa em 191 deputados contra 16 da UNITA, 8 do PRS, 2 da Nova Democracia e 2 de FNLA, o MPLA encaixou na Constituição da República de Angola todos os seus caprichos e vontades, nomeadamente as que consagram a laicidade do Estado. 

Principal agente do Estado angolano, uma vez que, além de dominar os três poderes clássicos, comanda as Forças Armadas, Polícia e todos os Serviços de Inteligência, o MPLA não hesita, porém, em embrulhar a Igreja e o Estado quando lhe convém e apetece.



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No sábado passado, o MPLA deu uma inequívoca demonstração dessa promiscuidade.

Para compensar a ausência de alunos e professores dos primeiro e segundo níveis, neste momento em gozo de férias escolares, o MPLA recorreu a confissões religiosas para o que pretendeu ser uma grandiosa manifestação de apoio ao Presidente  João Lourenço, acossado por uma iniciativa de destituição promovida pela UNITA.

Em carta-intimação que enviou no  dia 26 de Agosto à Igreja Pentecostal Fé e Libertação, o Comité Municipal do MPLA de Talatona  deixou claro que o partido governante e aquela denominação religiosa estão tipo “ana mbuiji, tudila xinde dimoxi”, isto é, todos comem no mesmo prato.

No preâmbulo da “carta-convite” é referido que no “âmbito da materialização da Agenda Política do MPLA para o Ano 2023, alinhado ao VI Eixo Estratégico, que visa resgatar o sentido de amor ao MPLA” blá blá blá “(...) o secretariado da Comissão Executiva do Comité Provincial do MPLA em Luanda programou para o dia 29 de Julho o relançamento das Jornadas Políticas e Patrióticas para promover a participação dos dirigentes, quadros e militantes do MPLA nas acções realizadas pelos Comités de Acção das suas áreas de residência”.

O quilométrico introito da pretensa carta-convite visava um único objectivo: “convidar 300 (duzentos!) fiéis da vossa instituição eclesial a participar no referido acto”. O convite, argumenta-se, insere-se no “âmbito da relação estabelecida” entre o MPLA e a Igreja Pentecostal Fé e Libertação.

Dois dias antes do “relançamento das Jornadas Políticas e Patrióticas”, que é assim que o MPLA disfarçou a intimação para a participação da manifestação de apoio a João Lourenço, o Presidente da República, em acto oficial, recebeu, separadamente, alguns líderes religiosos.

Não se sabe se as audiências do Presidente da República visaram resgatar nos líderes religiosos o “amor ao MPLA”. O que é indiscutível é que o partido governante parece determinado em transformar todas as confissões religiosas em seus comités de acção.

Partidos de inspiração estalinista, como é o MPLA, frequentemente pisam as linhas vermelhas que eles próprios estabelecem.


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