MEMÓRIAS DO BAIRRO CAZENGA - 1974 / 75: MINHA NAMORADA " BIA " DA JOTA MPLA EU ERA SOLDADO DA FNLA / ELNA



Quando militar do ELNA e pouco antes da kitota começar entre o MPLA e a FNLA,  eu sempre andei fardado e sem kigila. 

Mas sentia cá dentro de mim de que alguma coisa não estava a bater bem, notava que as pessoas me olhavam com uma mistura de medo, desprezo, raiva e ódio.

Um dia até quando fui visitar uns parentes de sangue no Sambizanga eu fardado de finuna era assim que se considerava os soldados da FNLA.

Mal entrei o pessoal todo ficou assustado como se tivesse caído um terramoto no quintal ou como se eu fosse um leão, me senti tão mal,  mas ainda assim não perdi a calma. 


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Com o passar das semanas foi quando percebi que a propaganda do MPLA alegando que os soldados da FNLA comiam pessoas. 

Que afinal teve  mesmo muito peso e um impacto estrondoso junto do povo,  o medo tomava conta de quase todas as famílias angolanas em especial na capital Luanda.

Ainda assim, eu tentava curtir a minha vida como um calú puro e sem kigila. 

E foi quando namorei a Bia no Cazenga numa casa onde eram todos do MPLA eu entrava e saia bem descontraído tratando a mãe dela como de minha mãe se tratasse.

Ela era da JOTA MPLA ali do Cazenga junto ao Tanque onde a FNLA tinha uma unidade da BJR e o Miala parava lá também naquele tempo como da BJR.

E um pouco mais adiante havia uma vivenda que era uma delegação da FNLA onde eu estava destacado e o Passarão esteva lá a ser protegido no terraço deste edifício com sua esposa. 

Me recordo ainda como se fosse hoje  que até já entrei nesta base da JOTA MPLA com a Tina ( Kindala Weza ) que era lá uma chefe que morava não longe desta delegação.

Ela  tinha uns manos um deles senão me engano era o Neto e tinha outras manas bem boas,  amigas também da Bia. 

A Bia era uma magrita escura,  tinha uma mana Maria um pouco mais clara do que ela. 

Muitas vezes me recordo delas que nem sei o que é feito delas se ainda vivem ou já não. 

Eram  outros tempo e  outras vidas com a fezada de nunca ter estado numa frente de cambate. 

Tempos em que os Paiva,  Imperial e outros eram quase os donos do país e os mais falados na altura que nem já Agostinho Neto, Lúcio Lara e Iko Carreira. 

Fernando Vumby 

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