Angolanos querem comprar empresa portuguesa azores AirLines

 


O concurso para a privatização da Azores Airlines, companhia do grupo português de transporte aéreo SATA, com sede na Região Autónoma dos Açores, recebeu apenas duas propostas, apresentadas pelos consórcios ‘Atlantic Consortium’ e ‘NewTour/MSAviation’, que ofereceram 6,50 euros por cada acção da companhia responsável pelas ligações com o exterior dos Açores, foi revelado na tarde desta segunda-feira, dia 31 de Julho, logo após a abertura das propostas.


Recorde-se que no final do mês de Junho, o prazo para entrega das propostas para privatização de parte do capital social da Azores Airlines foi prorrogado por mais um mês devido, precisamente, à grande procura pelo caderno de encargos do concurso público internacional para a privatização da companhia portuguesa com sede na cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores.

Fontes da empresa aérea e do Governo Regional admitiram então que haveria mais de 30 entidades, de diversos sectores económicos, que não só da aviação, tinham manifestado interesse na Azores Airlines. 

Contudo, acabou com apenas duas propostas concretizadas, através de dois consórcios que integram empresários e empresas portugueses e angolanos.

Dos dois concorrentes apurados sabe-se que o consórcio ‘Atlantic Consortium’ é constituído pelas empresas ‘Vesuvius Wings’, ‘Old North Ventures’, ‘Consolidador’ e por duas companhias aéreas portuguesas: a EuroAtlantic Airways e a White Airways. Luís Nunes, o gestor que lidera o portal de viagens ‘Azores Getaways’, esteve presente no acto público de abertura das propostas, mas não quis prestar declarações à imprensa, segundo refere a Lusa. 



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Quanto ao outro consórcio que foi apurado, é formado pelo grupo português de viagens e turismo ‘Newtour’, liderado pelo empresário Tiago Raiano, natural dos Açores.

O grupo detém o master franchising das agências de viagens Bestravel e tem a maior participação (60% em conjunto com PCF Consultores) do maior grupo de gestão de agências de viagens independentes GEA Portugal, bem como os operadores turísticos Soltrópico, Turangra e EgoTravel, entre outras empresas.

 Apresenta-se conjuntamente com a MS Aviation, uma empresa austríaca de gestão de aviões privados que a Newtour e a empresa angolana Bestfly compraram em Junho deste ano.

A Bestfly liderada pelos empresários angolanos Nuno Pereira e sua esposa Alcinda Pereira tem registado nos últimos anos um assinalável crescimento com grandes investimentos nas ilhas das Caraíbas, em Angola e em Cabo Verde. Estendeu agora os negócios até à Europa, onde se fixa através desta parceria com o grupo liderado pelo empresário Tiago Raiano.

Desde o ano passado que Nuno Pereira tem vindo a anunciar a intenção de criar parcerias com a SATA, nomeadamente para o transporte de passageiros entre Cabo Verde e aeroportos europeus, com prioridade para Portugal, que, apontou, seria também conjuntamente com a TACV/Cabo Verde Airlines. Esta última parceria parece estar adormecida, dada a decisão do Governo da República de Cabo Verde de prosseguir sozinha com a recuperação da companhia aérea de bandeira nacional.

Segundo o presidente do júri do concurso, Augusto Mateus, a primeira proposta, do NewTour/MSAviation, foi apresentada nesta segunda-feira, às 11h37, e pretende adquirir 760 mil acções, com um preço global de 4,940 milhões de euros (6,50 euros por cada acção). Já a segunda proposta, do ‘Atlantic Consortium’, deu entrada às 11h43, com um preço total de 4,875 milhões de euros, oferecendo 6,50 euros por cada acção.

Face às semelhanças entre as duas propostas, o caderno de encargos prevê a realização de um novo acto público de forma a permitir aos concorrentes a alteração dos valores, segundo o presidente do júri.

“Quando não há uma base para discriminar – aqui [o valor por acção] é mesmo igual – o caderno de encargos prevê o procedimento que agora vamos organizar: o de haver uma reunião em que os concorrentes, perante a informação que hoje obtiveram, melhorarem ou não a respectiva proposta”, afirmou Augusto Mateus aos jornalistas, após a sessão. Segundo o responsável, o novo acto público deverá decorrer na “próxima semana”, conforme as “disponibilidades”.

“A perspectiva não é fazer de ‘pai severo’. É a de cumprir rigorosamente tudo o que está no caderno de encargos, mas se houver questões formais que estejam insuficientemente preenchidas dar um prazo a cada concorrente para suprir a deficiência”, destacou. Augusto Mateus lembrou ainda que o relatório do júri com a ordenação das propostas deverá ficar concluído em “finais de Setembro”.

No final do acto público, o representante do ‘NewTour/MSAviation’, Tiago Raiano, não adiantou se o consórcio vai alterar os valores da proposta, destacando que o processo é “complexo”. “É um processo transparente, com o formalismo correto. 

O facto de existirem duas propostas é relevante para a SATA, com dois consórcios com ligações aos Açores. É importante para os Açores”, afirmou aos jornalistas o director executivo da ‘NewTour’, empresa com sede no arquipélago e ligada ao sector do turismo. O caderno de encargos da privatização da Azores Airlines prevê uma alienação de no mínimo 51% e, no máximo, 85% do capital social da companhia pública regional.

A Comissão Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais, prevendo ‘remédios’ como uma reorganização da estrutura e o desinvestimento de uma participação de controlo (51%) na Azores Airlines, a companhia do grupo SATA responsável pelas ligações com o exterior do arquipélago.

 


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