O clube central das Forças Armadas comemora o seu aniversário em meio a um clima de intenso clamor devido ao mau momento financeiro que atravessa, pondo em causa o seu futuro imediato.
Nunca se viu em Angola xinguilamento igual pela sorte de uma agremiação desportiva. Mas em nome da verdade histórica alguém deve dizer que antes do 1ro de Agosto e do Petro de Luanda já existia o Progresso Associação Sambizanga. Este, sim, foi realmente o clube pioneiro em matéria de simbolismo no pós-independência.
O Progresso surgiu nos dias de efervescência que se viviam em Angola devido à Independência que se perfilava no horizonte.
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Em finais de 1975 e ao longo de todo o ano de 1976, o Progresso foi o clube propulsor da sensação da Independência. Era um verdadeiro clube de massas, tendo conquistado a sua popularidade de forma espontânea e sem o apoio de nenhuma grande corporação empresarial ou estatal.
Mas foi por razões políticas que deixaram essa agremiação definhar. O Progresso do Sambizanga carregou com a maldição proveniente do 27 de Maio, pois foi na altura considerado o braço desportivo do movimento, alegadamente "fraccionista", liderado por Nito Alves.
E foi exactamente enquanto o mítico clube sambila, cuja popularidade explodira extravasando por toda a periferia de Luanda, era deliberadamente deixado afundar, sem que ninguém ousasse levantar a voz em sua defesa, que foi fundado o Clube Militar 1 de Agosto e, pouco depois, o Petro de Luanda. Ambos produtos de investimento público: um no domínio militar e outro na esfera da economia petrolífera que tem sustentado o País.
Portanto, com as devidas excepções que confirmam a regra, todo o mundo curvou-se em silêncio ao deliberado despenhamento do Progresso do Sambizanga, por motivações políticas. Um silêncio que agora contrasta com o xinguilamento que por aí vai por causa da situação deficitária do Clube Central das Forças Armadas.
De qualquer modo, é compreensível a dor incubada nos corações de muitos que gritam agora (refiro-me aos que têm idade para tanto), mas na época não foram capazes de impedir que, por motivações políticas, o poder e o regime da vez tudo tenham feito para riscar do mapa o Progresso Associação Sambizanga.
Resumindo: o Progresso foi alvo de uma cabala política muito profunda. O regime político afundou o clube por razões claramente politicas e ligadas ao 27 de Maio. O 1 de Agosto e, depois, o Petro emergem pela mão do sistema para cobrir o espaço que era do Progresso.
Depois do 27 de Maio o PAS estava condenado a ser asfixiado. Os apoios do BPC e da Cimangola -- que surgiram a determinada altura -- foram meramente circunstanciais.
Ou seja, se não acontecesse o 27 de Maio, não haveria bairrismo algum a atrapalhar a expansão do Progresso, cujos feitos e fama se propagaram por toda a Luanda daquela época.
O regime teve medo dessa expansão popular do clube do Sambizanga, confundindo-a com a expansão política dos adeptos de Nito Alves.
Mas há factos e episódios concretos que explicam essa ira contra o clube. Tudo porque Nito Alves tornou-se, a certa altura, presidente honorário do Progresso. Sentado num banquinho, ele assistiu, muitas vezes, aos treinos da equipa no Campo da Revolução (ex-Académica na era colonial; Mário Santiago actualmente).
Um dia saberemos melhor e integralmente o grau de participação que jogadores como Kiferro, Ginguma e Bonducho tiveram no movimento gerado por Nito Alves. Mas o certo é que tais factos levaram a que o Progresso passasse a ser um clube proscrito e amaldiçoado.
De sorte que mesmo após o 27 de Maio, subsistiram, na psique do regime, o medo e o fantasma que o clube representava.
O resto foram paninhos quentes, que algumas individualidades tentaram passar sobre o PAS, mas sabendo que estavam proibidas de tirar o clube sambila do buraco. Foi política pura.
Logo após o 27 de Maio, na purga aos nitistas, um quarteirão inteiro do bairro foi deitado abaixo, por buldozeres e tratores, porque simbolizava o fraccionismo. Ali viveu Kiferro. E ali também se localizava a casa onde foram aprisionados alguns comandantes e altas individualidades como Bula, Nzagi, Eurico e outros. Subsiste a dúvida se foi lá que também foram mortos.
Ora, num contexto assim, o clube só tinha de estar marcado. Em política, certo tipo de política, uma coisa é deixar sobreviver pessoas e indivíduos, e outra coisa é permitir o mesmo com colectividades e bandeiras.
Em resumo e que fique claro: não se nega que o maior clube e símbolo desportivo do país seja o grande D'Agosto. No contexto de guerra civil, o MPLA criou condições para que o maior fenómeno desportivo de Angola fosse igualmente uma colectividade militar, que melhor simbolizava a afirmação do seu regime.
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