Esses zairenses das tentativas de burla ao telefone chatearam-me ontem com um novo truque: um deles tentou convencer-me que era um meu velho amigo, a precisar de mim para receber oitocentos mil kwanzas dum senegalês com quem desfizera um negócio de venda de combustíveis, ganhando eu cem mil sem fazer nada. Sou posto a falar com o tal senegalês, muito mal representado por outro zairense, que me pede a localização, para fazer a entrega do dinheiro que teria depois de fazer chegar ao meu «amigo» António.
Não estava a descortinar como é que os gajos me tentariam entrar no bolso, até que o «senegalês» me diz que só me entregaria o dinheiro desde que lhe apresentasse o alvará do estabelecimento, situado diante das bombas da pumangola que o meu «amigo» não sabia dizer de que zona.
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O truque é esse: inebriado com a perspectiva de ganhar cem mil kwanzas sem fazer nada, desembolsaria através de operações bancárias a partir da minha conta tudo e mais qualquer coisa para que o «amigo» António pudesse tratar o alvará, sem o qual o «senegalês» não me entregaria o cumbu que ele já tinha mais que preparado.
Sem pachorra para continuar a fingir que estava a cair na conversa, mandei o «senegalês» para o coiso da mãe dele, zangado com o rudimentarismo e infantilismo do truque, aconselhando-o a carburar mais e melhor, ao que ele respondeu com um «contramaputa» frouxo, se calhar por já estar a pensar que melhor «bolo fofo» do que eu não mais encontraria. Lhe saiu!
Salas Neto
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