A instabilidade económica que se vive em Angola tem sido mais evidente nos últimos tempos, mas o bispo angolano acredita que os 518 peregrinos que vão para Lisboa vão regressar.
A coordenação da delegação angolana à Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 reconheceu esta sexta-feira a “possibilidade de fuga” de muitos jovens que embarcam para Lisboa, aconselhando-lhes a “agirem de boa-fé” e regressarem ao país.
“Quanto à possibilidade de muitos jovens fugirem, bem, é uma eventualidade, nós fizemos a nossa parte, consciencializámos, organizámos os vistos partindo do princípio de que todos agiam de boa-fé”, disse esta sexta-feira o bispo angolano Belmiro Chissengueti, coordenador da caravana angolana a JMJ 2023.
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Segundo o prelado, que falava esta sexta-feira em conferência de imprensa, “a boa-fé” dos cerca de 518 jovens/peregrinos que partem de Angola para Portugal, é o que leva a organização a “ter esperança” de que estes deverão regressar ao país, após o encontro com o Papa Francisco.
“Mas, [a fuga] é de facto um risco presente em todas estas ocasiões”, admitiu o bispo católico, referindo que o risco de fuga já havia desaparecido quando Angola tinha estabilidade económica, mas nos últimos tempos continua evidente.
“E, nos últimos tempos, cada um de nós sente a cada semana um amigo a se despedir, e, portanto, é uma eventualidade, mas se alguém ficar não é porque a organização tenha indicado este caminho”, respondeu Belmiro Chissengueti aos jornalistas.
Pelo menos 1.518 jovens angolanos, residentes em Angola e na diáspora, estão oficialmente inscritos para a JMJ Lisboa 2023, sendo que de Angola devem seguir para Portugal 518 participantes.
O também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Juvenil da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) deu conta que a caravana angolana, dividida em duas delegações, embarca já na próxima semana.
“Estamos prontos para a partida, teremos duas delegações de grande número, aquela delegação oficial da CEAST com 317 elementos e a delegação das arquidioceses de Luanda e de Lubango que andam a volta dos 171 delegados”, salientou.
A delegação das arquidioceses de Luanda e do Lubango embarca na próxima segunda-feira, após a missa de envio agendada para domingo (23 de julho) e depois seguir-se-á a delegação oficial da CEAST.
Ambas as delegações angolanas vão realizar as pré-jornadas nas dioceses portuguesas de Leiria, para a delegação oficial da CEAST, e a outra, das arquidioceses de Luanda e Lubango, de Braga.
Questionado sobre as condições de acomodação e logística da caravana angolana, o bispo católico referiu que os jovens vão à jornada como peregrinos e estarão em instituições disponibilizadas pela organização do evento.
“Estaremos em escolas, colégios, repartições públicas e cada peregrino deve levar o seu saco-cama e creio que ninguém vai morrer a fome”, atirou.
Belmiro Chissengueti, também porta-voz da CEAST, recordou que Angola participa na JMJ desde 1989 e tem sido a maior delegação africana no evento, que considera ser um espaço de fé e de intercâmbio de muitas culturas.
As jornadas “são também espaços onde se conhece a catolicidade e a universalidade da Igreja Católica”, realçou.
Agradeceu ainda ao Governo angolano, que ajudou a patrocinar a viagem de vários jovens, ao Ministério dos Transportes angolano, que viabilizou contactos com a transportadora TAAG, ao Serviço de Migração e Estrangeiros, pela facilitação dos passaportes, à Embaixada de Portugal em Angola e aos consulados de Portugal em Luanda e Benguela pela “facilitação dos vistos”.
A delegação oficial do Governo angolano à JMJ Lisboa 2023 será chefiada pelo secretário de Estado da Juventude de Angola.
A JMJ Lisboa 2023 realiza-se entre 1 e 6 de agosto, com as principais iniciativas a decorrerem em Lisboa, no Parque Eduardo VII, na zona de Belém e no Parque Tejo (a norte do Parque das Nações e em terrenos dos conselhos de Lisboa e Loures).
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