No dia 10 de Janeiro deste ano, a Nutrivet, uma empresa de fabrico e venda de ração animal, anunciou, com efeitos a partir do dia 10 do mês seguinte, um ajustamento na tabela de preços. “resultante da desvalorização da moeda no último semestre de 2022 assim como ao aumento de preço das matérias primas no mercado internacional”.
No dia 12 de Junho, exactamente seis meses depois, a mesma empresa e com base nos mesmos fundamentos anuncia que “vamos proceder a um ajuste significativo na tabela comercial resultante da instabilidade cambial verificada nos últimos meses”.
E como o pequeno e médio criadores de animais não pode repassar ao público os significativos ajustes resultantes da instabilidade cambial sobram-lhe duas únicas alternativas: ou fechar portas ou produzir apenas para o seu auto-consumo.
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Atentos às dificuldades dos criadores nacionais e sabedores da incapacidade dos angolanos de comprarem frangos inteiros, malianos, senegaleses, nigerianos, libaneses e outros a quem o Governo confiou o monopólio do comércio de bens alimentares, tiram extraordinário proveito da situação, dividindo o frango que importam em várias “secções”. Como diria o falecido cantor Bell do Samba, “assim temos” a carcaça; a asa, a “concha”, a patinha, a moela, o coração, o fígado, e, a mais recente moda, a mitra, o mutingo da galinha, como lhe chamam os kimbundus.
Eu, que já ando neste mundo a tempo suficiente para ter visto muita coisa, não me lembro de um único talho, no tempo da outra senhora, se se dedicasse exclusivamente à venda de mutungus de galinha...
Se, no antigamente, todas essas “secções” eram faziam parte de um todo, sendo que as partes mais nobres – peito, moela, mitra e asa eram destinados aos membros mais ilustres da família ou a ilustres visitantes, hoje vão sendo cada vez mais numerosas as casas em que o frango é comprado por partes.
Atacar, primeiro, o peito e deixar a coxa para o fim já não é privilégio a que muitos angolanos se podem permitir.
É seguramente a essa separação da galinha em várias “secções” que o Presidente da República qualifica como diversificação da economia.
Porque, com a Nutrivet e outros produtores de rações a subirem permanentemente os preços, não se pode falar no aumento da produção de ovos, frangos, suínos, caprinos ou suínos.
Também ele provavelmente tolhido pela malfadada instabilidade cambial, na melhor das hipótese o Ministério da Agricultura e Pescas leva as mãos à cabeça, reconhecendo a sua incapacidade de intervir e, na pior das hipóteses, assobia para o lado, alegando que o problema é conjuntural.
Ou seja, twafu!
Entre subvencionar a gasolina dos carros de Suas Excelências e subvencionar a aquisição de medicamentos e de outros ingredientes da ração animal, a escolha deverá ser óbvia.
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