É paradoxal: apesar da roubalheira e da pilhagem que caracterizaram a aclamada, pelos fanáticos do MPLA, gestão clarividente de José Eduardo dos Santos preocupava-se bastante com a aparência de Angola, de quem procurava dar a imagem de um país com alguma dignidade e gerido com razoável ordem e disciplina.
Nos tempos da ditadura do “Arquitecto, nenhum dirigente do MPLA ou do Governo ousava deslocar-se ao estrangeiro sem a sua necessária autorização.
Dirigentes do “Partido”, membros do Governo ou governadores de província só arrumavam as malas de viagem depois de terem assegurada a autorização do “Major Bentes”.
Seis anos depois da mudança no leme, tudo se agravou: a roubalheira, a pilhagem, o amiguismo quase têm cobertura legal.
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No que “tange” a viagens, há dignitários que estão mais tempo no estrangeiro do que no país. “Inspirados” no exemplo do “l ́etat c ́est moi”, temos governantes que parece terem transferido os seus gabinetes de trabalho para fora de Angola. Tal é o caso do Procurador Geral da República, Fernando Hélder Pitta Gróz, seguramente mais fácil de localizar em Portugal do que em Angola. Outro caso de curtos trânsitos por Angola é o do ministro dos Transportes. Nos próprios círculos do Governo comenta-se, quase a “céu aberto”, que Ricardo de Abreu só vai a Luanda quando tem na manga mais um barrete para enfiar ao Presidente da República.
A “vadiagem” dos nossos dignitários atingiu ponto tal que o governador do Moxico, Ernesto Muangala, viajou mais de 9 mil quilómetros para presenciar a abertura do consulado de Angola para os distritos lusos de Vila Real, Bragança, Guarda e Viseu.
Praticamente já a residir em Portugal, Pitta Gróz andou menos quilómetros até ao local da festança.
Em nota que distribuiu a propósito do evento, o Consulado de Angola em Lisboa orgulha-se do facto de o acto solene sido “prestigiado com as presenças da Embaixadora da República de Angola em Portugal, Maria de Jesus Ferreira, a Directora do Instituto das Comunidades Angolanas no Exterior e Serviços Consulares, Maria Filomena Neto António, o Procurador-Geral da República de Angola, Hélder Pitta Gróz, o Governador Provincial do Moxico, Ernesto Muangala, o Presidente da Câmara Municipal de Vila Real, Rui Santos”.
Além de irem ao bolso público de forma despudorada, alguns dignitários perderam respeito por si próprios.
Alguém imagina o Procurador Geral da República Portuguesa deslocar-se a Angola para “prestigiar” a inauguração de um consulado luso em Lumbala Nguimbo?
Algum angolano razoável acredita que o presidente da própria Câmara Municipal de Vila Real fosse largar os seus afazeres para ir a Angola “prestigiar” a inauguração de um consulado português em Caconda?
Ao “clarividente”, cuja ditadura alguns de nós, jornalistas, combatemos a céu aberto, era imputável muita coisa má.
Mas, com o falso “reformador”, com o distribuidor de ilusões, o país atingiu um estágio de impossível regeneração.
Agora, sim, pode afirmar-se que qualquer semelhança de Angola com um país é mera coincidência.
Graça Campos
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