…E a culpa é (obviamente) da UNITA- Graça Campos



Se ocorressem em Angola, as recorrentes e violentas manifestações que têm lugar em quase toda a França já teriam provocado a ilegalização dos verdadeiros partidos da oposição e à consequente detenção ou mesmo eliminação física dos seus principais rostos.

Os “cientistas” que estão no poder em Angola têm como verd

de inquestionável que toda e qualquer manifestação popular, toda e qualquer reivindicação de cidadãos angolanos, independentemente do seu propósito e dimensão, são necessariamente promovidas pela oposição e, mais especificamente, pela UNITA.

Os ditos “cientistas”, maioritariamente “curtos” em formação académica e ineptos politicamente, têm como garantido que angolanos só sentem fome, adoecem ou dão pela alta de preços da cesta básica se agitados pela UNITA. 



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Esses cientistas têm como certeza absoluta que sem a agitação da UNITA, a generalidade dos angolanos não teria dado conta do aumento do preço do gasóleo e menos ainda saberia da instabilidade cambial.

De acordo com o “guia prático” de quem desgoverna o país, sem a mão oculta da UNITA, os angolanos, tomados por mentecaptos, jamais perceberiam que o seu voto é roubado; que os recursos financeiros do país continuam a beneficiar um pequeno e insignificante número de cidadãos; que a roubalheira e a corrupção já ultrapassaram a “barreira de som”, superando, em larga escala, os melhores números dos tempos de José Eduardo dos Santos. 

Sem a UNITA, estão convencidos os “cientistas”, os angolanos jamais perceberiam que em meia dúzia de anos o “novo” paradigma de acumulação primitiva de capital concentrou em não mais do que meia dúzia de cidadãos o “mal” que antes era dividido por maior número de aldeias…

Embora se entreguem desbragadamente ao despesismo, seja porque não viajam em “qualquer” avião ou a bordo de um qualquer “rabo de pato”, os cientistas concordam em que, sem a agitação da UNITA, os angolanos jamais se aperceberiam do luxo e da opulência em que vivem os governantes, sobretudo os que estão mais próximos do xadrezista-reformador que a História jamais conheceu. 

Os olhos, os ouvidos e, sobretudo, a inteligência dos angolanos são de tal sorte subestimados que os cientistas empurram para as costas de José Eduardo dos Santos, afastado do poder em 2017, assaltos aos cofres da Sonangol que o patrão da empresa praticou em 2021 para proporcionar à parentela mais próxima viagens pelo mundo e outras prebendas. 

À luz dos “cientistas”, associar o falecido presidente da República à cleptocracia é prova bastante para absolvição por crimes cometidos nos dias que correm. 

Na Angola “descoberta” em 2017, o gestor da principal empresa pública assalta os seus  cofres, mas esse gesto de cabritismo só mereceria a tipificação de peculato se praticado  antes do início do consulado do Judas que se travestia em Messias, segundo opinião de Rafael Marques. 

Em seis anos do “novo paradigma” arriscam cadeia, se sorte pior não lhes couber, aqueles que, “despertados” pela UNITA, constatam que, ao cabo de apenas seis anos, o rei já anda com as nádegas ao léu.


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