Um cenário que já se vive há cerca de uma década e até à data presente não se diz nada, tudo porque os prevaricadores são as ditas pessoas de “costas largas”, que ocupam os espaços de lazer dos cidadãos e privatizam-nos em para benefício próprio
A reportagem do jornal 24 Horas foi ouvir os moradores daquela zona de Luanda, que há muito clamam pela intervenção de quem de direito. Os cidadãos estão bastante agastados com a situação, já que, depois de tantas reclamações e cartas enviadas ao Governo Provincial de Luanda (GPLA), ninguém move uma palha.
Assim, os largos do Bocage e o de José Reis, entre outros, foram privatizados e sem data para a sua restituição ao público, tudo sob o olhar impávido das autoridades locais e provinciais que não querem fazer nada.
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Para Domingos Baião, antigo morador da zona, mesmo com promessas do então governador de Luanda, Higino Carneiro, quando visitou e constatou a situação, prometendo resolver o problema e devolver os largos aos moradores, de lá para cá as coisas continuam na mesma; nem água vai e nem água vem. Entra e sai governadores em Luanda e ninguém consegue resolver o problema.
Agastada com a situação, a senhora de 76 anos, Domingas da Conceição, moradora da zona, mostra-se triste, uma vez que quem de direito não consegue fazer as melhorias necessárias e nem executar o que prevêm as políticas do governo, “fecham-se em copas” vendo o desespero dos munícipes. A anciã assegura que muitos dos responsáveis ligados à governação desta província e do município vivem na urbe, mais nada fazem para pôr cobro aos desmandos, são mesmo coniventes.
Entretanto, apesar das promessas que têm sido feitas, o governo da província de Luanda “olha para a situação de forma abstracta”, o que muito preocupa os moradores. Segundo alguns habitantes abordados pela nossa reportagem, não entendem onde está o problema e a razão de até agora não se conseguir inverter o quadro, “que é muitíssimo preocupante”, salientou Pedro Domingos, um dos moradores.
Segundo os moradores daquela circunscrição, a cada dia que passa a conjuntura nos recintos tende em piorar e, de noite, torna-se perigoso porque por causa das transformações impostas pelos homens de dinheiro e que gozam de infuências, há os amigos do alheio que aproveitam-se da escuridão para fazerem das suas, usar drogas, molestar moças, assaltar, provocando um pandemónio só visto. “Tem sido um autêntico inferno para os moradores!”, exclamam os cidadãos.
Por outro lado, o senhor Manuel Félix, coordenador do largo José Reis, mais conhecido por largo do “Auto Pechincha”, disse que “o espaço, mesmo depois de privatizado, está num estado lastimável. Só para terem uma ideia, os responsáveis e moradores da zona, já escreveram tanto para o distrito urbano do Rangel, e depois, para o governo da província de Luanda, mas infelizmente nada de respostas”.
O coordenador descreve que “o grande problema, para que possam entender, começa logo com a construção do ginásio aqui no largo; o dono, que responde pelo nome de Bráulio Martins, gozava de muitas infuências do governo e é amigo pessoal do Zenú dos Santos, flho do antigo Presidente da República José Eduardo dos Santos, em função disso as cartas de reclamações que mandávamos não tinham o tratamento devido”.
Avançou ainda que “o camarada Macavulo, na altura era o primeiro secretário do partido, afrmou que o ‘empresário’ Bráulio tinha autorização que veio ‘de cima’, e que não se podia fazer nada. Mas até agora continuamos sem saber de que ‘cima’ veio a tal ordem”, já que tudo continua na mesma e até pior.
Segundo fonte residente na Vila Alice, naquele largo, José Réis, tem acontecido lutas dentro e fora do ginásio e há informações da venda de drogas no recinto e também a frequência das famosas jardadas (prostitutas) que fazem das suas e um pouco mais. “Em função disso, os moradores já não sabem o que fazer, porque já fizeram todas tentativas no sentido de alertar as autoridades para que se ponha termo a esta ignóbil situação, que tem tirado o sossego dos habitantes”, lamenta o Coordenador Manuel Felix.
Alberto de Sousa, outro morador do largo Jose Reis, há mais de 52 anos, disse à nossa reportagem que os dois largos, actualmente, têm donos, o que no seu entender não é correcto. “Para quem não sabe, os espaços pertencem aos moradores e não a um grupo de pessoas que se apoderaram deles para os seus negócios”.
“Estes largos serviam a muita gente, era onde o cidadão pacato acorria para relaxar, acompanhado dos flhos e, muitas vezes, os estudantes saíam das suas casas para virem aqui estudar calmamente e rever a sua matéria. Nos dias de hoje o recinto está transformado num ginásio, e num sítio para os fumadores de droga e prostituição à mistura”, lamenta agastado.
Por seu turno, Eugênio Baptista, que também não quis ficar calado, contou que é praticante de basquetebol daquele recinto, muitos atletas deram os primeiros passos na modalidade ali. Porém, confessou que hoje vivem momentos difíceis, a quadra de basquetebol onde jogavam com frequência está impraticável; agora as coisas mudaram de rumo, do que resta do campo há apenas charcos de água dos aparelhos de ar condicionado e nem para jogar mais dá.
“Para a vossa informação, nós jogamos basquetebol aqui no campo, mas infelizmente os aparelhos de ar condicionado do ginásio deitam água para o recinto; já falamos com o dono do ginásio no sentido de retirar os aparelhos, mas infelizmente até agora não diz nada”, afirma com tristeza Eugénio Baptista.
Já no largo do Bocage o cenário é idêntico. O espaço que servia de recinto de lazer para os moradores foi privatizado e transformado em “salão de festas” e tem sido alugado para a pândega, perturbando o sossego geral dos moradores.
A senhora Suzana Fonseca de 66 anos, agastada com a situação, foi obrigada a abandonar a sua residência porque o cenário que se vive diariamente na calada da noite é super vergonhoso vendo jovens, crianças e adultos a usarem drogas e a prostituirem-se ao longo da madrugada, além de um barulho ensurdecedor.
Tantas reclamações já foram feitas mas até à data presente ninguém dá solução à triste situação que se vive nos diferentes largos da Vila Alice que foram transformados em autênticos viveiros da delinquência, tráfico de drogas, prostituição e arruaça.
Ernesto Bumba, de 37 anos, deu a conhecer que há vários anos que fazem de tudo junto das autoridades provinciais no sentido de repor a legalidade e devolver o recinto aos habitantes, mas infelizmente, os ocupantes gozam de infuências “poderosas” e são familiares de gente do governo e fazem o que querem e lhes apetece, sem qualquer respeito pelos demais cidadãos, entre pessoas doentes, anciãos, crianças, etc.
Como disse o coordenador Manuel Félix , a Odebrecht tinha um contrato com o governo da província para reabilitar todos largos da Vila Alice. Mas, para espanto geral, os únicos que não foram reabilitados são os do “Bocage” e “José Reis”. Tudo porque nos dois recintos há, em um o salão de festas e salão de beleza que da senhora Rosa Preciosa, comadre e amiga da ex-primeira dama, Ana Paula dos Santos e, no outro, um ginásio que é do senhor Bráulio Martins.
Os moradores perguntam que espécie de consciência e moral possuem os governantes deste país e os cidadãos que ocuparam os espaços de lazer públicos aqui citados, bem como tantos outros que, se forem aqui mencionados, atravessaria as margens limitadas desta matéria.
Que espécie de gente é essa que não se importa com o bem maior do país, nem tem amor ao próximo, plenamente apostados na pilhagem do património de todos para seu enriquecimento?, questionam os entrevistados.
Os largos públicos das cidades foram criados, desde a antiguidade, com o propósito de beneficiar os moradores e proporcionar estruturas sólidas de contributo ao meio – ambiente, com árvores, jardins e fontes de água ou pequenos lagos artificiais, para relaxe, harmonia das famílias, bem-estar das comunidades e devem ser preservados, manter e/ou melhorar a sua beleza, pela estética urbana e deleite de quantos apreciem um passeio ou precisam de quebrar o estresse quotidiano.
J24 Horas
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