Regime impõe membro do CC do MPLA como candidata as eleições na Cruz Vermelha de Angola

 


Os funcionários da Cruz Vermelha de Angola (CVA), uma dependência orçamental do Ministério da Saúde, estão há 43 meses sem salários. Há muitos anos que estão abandonados à sua sorte. Mas, as eleições que terão lugar amanhã, para a eleição da sua presidência e órgãos dirigentes, é algo que não escapa à garra totalitarista do MPLA.


A membro do Comité Central do MPLA (com o número 257), Faustina Inglês Alves de Sousa, concorre à presidência da CVA, usando os velhos métodos estalinistas de intimidação dos eleitores, com recurso ao SIC, SINSE, governadores provinciais e outras estruturas locais do Estado sob seu comando. Tem, como seu braço direito, na sua lista de candidatos, a assessora para os Assuntos Sociais do Presidente da República, Fátima Viegas, que só o pode fazer com a autorização do presidente João Lourenço.

 



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Como ilustração, os governadores de Benguela, Cuanza-Sul e Cuando-Cubango convocaram pessoalmente os secretários provinciais da CVA para coagi-los a votarem em Faustina de Sousa, tendo proferido ameaças de retaliação até aos familiares dos convocados.


A CVA faz parte do Comité Internacional da Cruz Vermelha, desde 1986, e é filiada da Federeção das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Como tal a instituição, vocacionada à prestação de assistência social e médica a carentes, deve pautar-se pela sua neutralidade política.

 

Este princípio, está a ser grosseiramente violado quando o MPLA e a presidência da República, de forma aberta, criam uma equipa para tomar de assalto a instituição sobre a qual nunca prestaram qualquer atenção.

 

Durante muitos anos, a CVA teve como presidente a então toda-poderosa Isabel dos Santos, que apenas usou a instituição para realizar galas multimilionárias com alguns dos cantores mais cartos dos Estados Unidos da América e para beneficiar de isenção de impostos na importação de meios para os seus negócios privados.

 

Assim, se coloca a seguinte questão. O que fará o MPLA, com altos níveis de impopularidade e incapacidade de aconselhar, por exemplo, a melhor gestão dos activos recuperados pelo Estado, com uma instituição que nem sequer consegue pagar salários? O que ganha com isso?

 

Até 2022, Faustina Alves de Sousa foi ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher. Não se lhe conhecem grandes nem pequenas realizações que inspirem o futuro da Cruz Vermelha de Angola.

Cabe ao MPLA, de uma vez por todas, retirar as suas equipas de órgãos da sociedade civil e focar-se na sua refundação ou requalificação, uma vez que caminha para o abismo político por não saber o que anda a fazer no mandato de JLO.


Paulo Alves 




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