Onde anda a rabugenta Angola?



O mais recente relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras sobre a liberdade de imprensa em Angola é um violento golpe aos lunáticos que comparam o País ao imaginário paraíso.

Publicado esta semana, o relatório dos RSF diz que  Angola e Cabo Verde  são os países de língua oficial portuguesa que desceram de posição no seu índice de liberdade de imprensa.

Angola perdeu 26 lugares, ocupando agora a 125ª posição contra a 99ª que ocupava em 2022. Foi um tombo e tanto. 

No conjunto dos países de língua portuguesa, Angola foi a “campeã” das restrições à liberdade de imprensa, superando, até, a Guiné Bissau, agora num confortável 78º, mesmo assim, muito distante d Timor Leste, agora no 10º lugar. 


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Estranhamente, no mesmo dia em que os RSF anunciam a clamorosa queda de Angola no seu índice de liberdade de imprensa, ilustrada com a imagem do secretário de Estado da Comunicação Social, Nuno Carnaval, o Jornal de Angola chamava para a sua página a notícia segundo a qual “Angola melhora em 26 lugares no ranking mundial”.

Mas, não há ao longo do texto que sustenta a chamada, uma única linha que sustenta a afirmação associada a Nuno Carnaval.

O mais próximo que o governante disse que sugere alguma melhoria é a afirmação de “há ganhos reconhecidos, um deles é a reforma que se está a introduzir na Comunicação Social, visível, por exemplo, com o surgimento de novas rádios, com o aumento da co-regulação entre o Executivo e a Entidade Reguladora da Comunicação Social”.  

O que sugere que a mentira estampada pelo Jornal de Angola pode não ter sido sugerida pelo governante.

De resto, conhecida mundialmente pela sua rabugice, sobretudo quando se julga injustiçada, Angola não contestou a classificação que os RSF lhe atribui.

Como se sabe, a rabugenta Angola, pelo menos até agora – e já lá vai um bom tempo – não reagiu ao último relatório do Departamento de Estado que lhe imputava graves violações dos direitos humanos; também  não tugiu ao relatório da FAO, que alude ao aumento da fome no país e, nomeadamente, nas províncias do sul, tradicionais produtoras de alimentos.

A “nossa” rabugenta Angola volta a assobiar para o lado, como se o assunto não lhe dissesse respeito, à acusação dos Repórteres sem Fronteiras de acordo com a qual Angola está entre os países africanos onde a liberdade de imprensa deu passos atrás.

Como explicar essa súbita mudez ou afonia de Angola? 

Todos sabemos que – como dizem os brasileiros – Angola não leva desaforos para casa.

Por ocasião de uma informação recentemente retomada pela CNN Portugal segundo a qual Angola teria enviado 100 mercenários para combater ao lado do exército russo na invasão contra a Rússia, o Governo angolano quase mandou a Lisboa uma delegação de mulheres com panos amarrados à bunda para fazerem toda a gritaria possível diante daquela estação televisiva.

Como se fosse uma virgem estuprada, Angola levou o caso até ao secretário-geral das Nações Unidas, de quem, certamente por ser português, esperava ouvir uma ordem de encerramento da CNN Portugal.

Por compreensíveis razões, o secretário geral da ONU deu à queixa de Angola o único destino expectável: o caixote de lixo.

Deixada a “latir” sozinha, Angola estrebuchou até ser vencida pelo cansaço. 

Agora que é confrontada pela respeitada organização Repórteres Sem Fronteiras, sobre o recuo da liberdade de imprensa em Angola, o Governo manda um funcionário Júnior, o secretário de Estado da Comunicação Social não a desmentir os factos apontados, mas a dizer que o Presidente João Lourenço conseguiu transformar Angola no paraíso onde brotam como cogumelos “novas rádios,” com o aumento da co-regulação entre o Executivo e a Entidade Reguladora da Comunicação Social.

Haja lata!

PS 1: O silêncio de Nuno Carnaval ao embuste a que o Jornal de Angola do dia 3 de Maio o associa pode sugerir que o secretário de Estado da Comunicação Social subscreve a doutrina do seu correligionário Marcy Lopes segundo a qual os angolanos devem mentir com quantos dentes têm na boca.

Há pouco mais de um ano, falando a representantes da comunidade angolana residente em Portugal, o então ministro da Administração do Território disse-lhes: “Não podemos mostrar o lado mau ou mostrar ao mundo que o nosso País tem problemas ou há desemprego. Temos que mostrar apenas o lado bom porque precisamos de investidores. Precisamos divulgar o País com aquilo que é bom. O que é mau, guardamos para nós”.

Nem do MPLA, partido de que já era membro do respectivo Bureau Político, nem do Titular do Poder Executivo e nem do Presidente da República o autor da nova doutrina ouviu qualquer reprimenda. Pelo contrário, nos corredores do Kremlin e do Palácio Presidencial o jovem turco deve ter recebido palmadinhas de encorajamento.

É essa doutrina, assente na mentira, que leva os governantes angolanos a apregoarem permanentemente inverdades.  É por acção dessa doutrina que o Jornal de Angola se permitiu, sem temer quaisquer consequências,  associar o secretário de Estado da Comunicação Social a uma afirmação que ele não fez.

PS 2:  Num comunicado alusivo ao dia 3 de Maio, o Bureau Político do MPLA, com a postura paternalista de que não se consegue despir, disse que a efeméride “deve servir de ocasião para que, de forma unânime, os angolanos reafirmem o estabelecimento de um ambiente de diálogo aberto e construtivo, conducente à consolidação da paz e ao contínuo aprofundamento da democracia”.

Estranhamente, não se ouviu do mesmo partido uma única palavra a respeito de um apresentador de uma estação televisiva sob intervenção pública que se referiu ao povo lunda como “matumbo” por causa de desacatos ocorridos no decurso e pós jogo que opôs o Sagrada Esperança ao Petro de Luanda.


Correio Angolense 




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