O MONSTRO DE FRANKENSTEIN- JOSÉ GAMA

 


No inicio de janeiro de 1986, perante uma plateia de estudantes da   Universidade de Harvard, EUA, o arcebispo Desmond Tutu equiparou  o regime do Apartheid ao “monstro de Frankenstein”.   Para Tutu, um regime como o do Apartheid é que nem o monstro de  Frankenstein. Ele não se reforma,  auto - destroi-se.  O Arcebispo fazia analogia ao clássico de Mary Shelley, em que o jovem  cientista Victor Frankenstein cria, no seu laboratório, um homem artificial a partir de pedaços de cadáveres e dá vida à sua criatura.  


A  criatura que ficou conhecida  por “Monstro de Frankenstein” rebela-se contra o seu próprio  criador, matando pessoas do circulo familiar do cientista.   Para não pôr em risco a sociedade, a única solução era a destruição do monstro e não o seu apetrechamento. 


Ao fazer analogia deste  classifico,  o Arcebispo Tutu alertava que  “não queremos que o apartheid seja reformado – quem quer que um Frankenstein (monstro) seja reformado? – , queremos que o Apartheid seja destruído”. 




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Desde então,  vários estudiosos tem equiparado certos regimes autocráticos  ao “Monstro de Frankenstein”  que se não controlado, é capaz de matar o próprio criador.  


Em Angola, José Eduardo dos Santos (JES) criou  um “Estado de Frankenstein” que não soube  protege-lo a si e a sua família, depois de largar o poder. JES  e os seus filhos  fugiram do “monstro”.  O General Zé  Maria, que foi um dos percursores  deste Estado, também não confia e  tem medo da “criatura” que ajudou a criar, emprestando-lhe dureza.  


O antigo comandante Paulo de Almeida, que era capaz de ceifar vidas contra quem se manifestasse pacificamente  contra o “monstro”,    apareceu, há poucos meses, a lamentar a forma como  a criatura o pontapeou.   


Tal como sugerido por Desmond  Tutu,  o  Presidente João Lourenço  deve aproveitar os quatros anos de poder que restam para decidir se destrói  o “monstro de Frankenstein” ou deixar-se devorado pela cria que herdou.  A nossa sugestão, é a destruição (desmantelamento das leis) do “monstro”, tal como fizeram os sul-africanos com o regime do apartheid.  O “Estado  de Frankenstein” deve ser destruído para dar lugar a um  verdadeiro Estado de direito e democrático, para que os seus lideres nunca sejam vitimas do “monstro”. 




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