Durante anos de costas voltadas para organizações não lucrativas, subitamente e sem que se lhe compreendam as motivações, o MPLA decidiu olhar para a Cruz Vermelha de Angola como um apetecível activo.
Dir-se-ia que, do nada, o MPLA decidiu entrar na barganha para tomar o controlo da Cruz Vermelha de Angola.
O engenhoso plano para transformar o CVA numa espécie de comité de especialidade do MPLA incluiu, entre outros, o auto-afastamento do Comité Central de Faustina Inglês Alves de Sousa, uma antiga ministra da Acção Social Família e Promoção da Mulher, que não deixou saudades na casa.
Faustina de Sousa pediu a desfiliação do MPLA em Fevereiro deste ano.
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Com a “carta de alforria” nas mãos, a antiga membro do Comité Central envolveu-se, de corpo e alma, na batalha pela liderança do Comité da Cruz Vermelha de Angola, concorrendo com Delfina Cumandala, esposa de Augusto Tomás.
Com as intenções de voto claramente favoráveis à companheira do antigo ministro do Transporte, o MPLA e todos os seus diferentes braços, neles se incluindo o SIC e o SINSE decidiram envolver-se directamente na disputa.
Em todas as províncias onde se deslocou em campanha, Faustina Alves foi recebida pelos respectivos governadores, ao que se seguiram reuniões com os delegados locais da Cruz Vermelha a quem são comunicados o sentido do voto orientado pelo “Partido”.
Desde que Fátima Alves entrou em campo, Delfina Cumandala tem perdido sucessivamente terreno, até mesmo em províncias onde já tinha como garantida uma vitória folgada.
Além do SINSE, SIC, governadores e comités provinciais do MPLA, a candidatura de Faustina Alves é levada ao colo por Fátima Viegas, secretária para os Assuntos Sociais do Presidente da República.
Se eleita – como parece de todo inevitável – Fátima Viegas terá assento no futuro Comité Executivo Nacional da CVA da antiga ministra.
Filantrópica, a Cruz Vermelha de Angola está filiado no Comité Internacional da Cruz Vermelha, que se rege por princípios como humanidade , imparcialidade, neutralidade, independência , voluntariado, unidade e universalidade.
Os princípios do CICV incluem, ainda, neutralidade, abstenção das controvérsias (de ordem política, racial, religiosa ou ideológica).
Não sendo adepto e muito menos praticante de nenhum daqueles rígidos princípios, o súbito interesse do MPLA pela CVA pode ser explicável à luz de dividendos que lhe adviriam do controlo de uma organização a que se aplicam os benefícios a que têm direito associações ou organizações de utilidade pública.
Um deles, que não é desprezível, é a isenção do pagamento de direitos aduaneiros.
Controlado pela sua militante Faustina Alves, o CVA seria, sem dúvida, uma porta de entrada que o MPLA e os seus principais dirigentes utilizariam para se furtarem a determinadas obrigações fiscais.
Além disso, escrúpulos (mas, sobretudo, a falta deles) não é assunto que inquiete muitos dos seus dirigentes, o MPLA tentará, seguramente, instrumentalizar as ajudas internacionais que a CVA recebe, fazendo delas instrumentos de chantagem política.
Embora saiba que os princípios por que a Cruz Vermelha se guia não lhe permitem qualquer alinhamento político-partidário, o MPLA não medirá esforços para tentar convertê-lo em mais uma das suas “organização de massas”.
Por fim, a presidência do CVA proporcionaria a Faustina Alves um salário mensal, coisa que ela já desconhece desde que perdeu a confiança do Presidente João Lourenço no Governo.
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