Barba de molho



Sem dúvida, vivemos momentos difíceis e, nossa capacidade intelectual, resiliência e,principalmente, a fé são postas à prova por problemas de vária índole do dia-a-dia, quer pessoais e/ou de outrem que sugerem uma abordagem sábia.

Com o tempo, passei a ignorar momentos, factos e futilidades. Diz-se que a idade amadurece as pessoas. Hoje, sinto-me inquieto; um teste à minha paciência augusta veio ao de cima. Há notícias e factos que destapam o nguimbo até do mais sábio dos monges – dos que levitam: a proliferação de seitas – em cada esquina, feitas cogumelos.

“Nzambe” aqui; “deujo” ali; “profête” acolá – não tarda alguém dirá que é o Cristo em pessoa e, que este ano é o tal, o do juízo final.



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“De pequeno se torce o pepino”, diz o velho ditado e, neste quesito, o Estado está num silêncio exasperante – cúmplice, a permitir que charlatões, a coberto das “liberdades religiosas” plasmadas na Constituição, mantenham sequestradas pessoas e mentes por via do emergente e perturbador “malabarismo religioso”, que potencia a fome e pobreza extrema, causa da desestruturação das famílias. 


Uma franja da população, quais ovelhas perdidas, inócuas, “enxerga”, nos malabaristas que o “diabo pariu”, a luz no fundo do túnel para a “cura” dos seus problemas. 

“Pode por ventura um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no barranco?” -Luc.6:39.

Na última semana, vieram do Quênia, aqui ao lado, próximo das “nossas barbas”, notícias horripilantes. Mais de uma centena de corpos foram descobertos em valas comuns, por conta do “jejum interminavel” orientado por um falso profeta, que os levou a morte! O curioso nesta cena diabólica é que o dito profeta apareceu na Tv gordinho, denotando nunca ter ficado sem comer, ou seja, nunca ter JEJUADO!! 

Naquele tempo (no tempo do colono), para os mais novos, quem se atrevesse a transformar um “casebre” em local de adoração ou abrir a “bocarra” para falar de Deus tinha que estar preparado para o “kibidi” – ter quatro olhos e uma almofada permanentemente amarrada às costas – os fiscais “zungavam” pelos bairros e sovavam bem. 

“A vara e a repreensão dão sabedoria” – Prov 29:15.

Hoje, qualquer um “dorme fobado e acorda iluminado”, – um profeta que diz ter as chaves do céu e da fórmula para a prosperidade, sem trabalhar. Rouba da viúva e do órfão com doutrinas falsas e não se faz absolutamente NADA.

Quantos “montes Sumi” serão precisos para “parir” medidas que protejam as populações mais vulneráveis?.

Lembrar que é um gesto de sabedoria “pôr sua barba de molho quando a barba do vizinho estiver em apuros”.


Pedro Santos, texto  publicado na página do Facebook do autor




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