Um antigo funcionário do Ministério da Hotelaria e Turismo (MHT) de Angola, identificado por Edson Lemos, morreu esta terça-feira, 2, em Aveiro-Portugal, após ter enfrentado dias de greve de fome em protesto contra a retirada do apoio da junta médica pelo Ministério da Saúde (MINSA) de Angola.
Segundo apurou o Club-K, o antigo quadro do Ministério da Hotelaria e Turismo (MHT), padecia de insuficiência renal crônica e de diabetes, tendo sido transplantado há mais de cinco anos, em Portugal onde esteve em junta médica, mas depois do Ministério angolano da Saúde (MINSA) ter encerrado a junta médica, Edson Lemos foi expulso, perdendo assim a assistência médica e medicamentosa.
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Para além da perda da junta médica, o agora malogrado chegou a perder também o apoio social que consistia no alojamento e o direito de subsídio. “Não regressou a Angola como era desejo do Ministério da Saúde, por na altura, o seu médico assistente lhe ter recomendado tratamento continuado”, disse a fonte que acompanha o processo, acrescentando que “por sua conta e risco, Edson Lemos deixou de ter tratamento médico adequado”.
A fonte descreve que, como consequência, a sua saúde foi se agravando, devido às diabetes, uma vez que mais de um ano lhe foi cortado os membros inferiores. O Club-K sabe que, em função das dificuldades, Edson Lemos, por falta de recursos financeiros, teve de ir viver num lar de idosos em Aveiro, em Portugal.
Após ter sido abandonado pelo Ministério da Saúde (MINSA), Edson Lemos recebeu em 2022 a visita do presidente da Junta de Angola, Francisco Pascoal, de quem recebeu promessa de apoio social, mas que nunca aconteceu.
Não tendo acontecido e sentindo-se abandonado Edson Lemos no mês de Abril último, optou por fazer uma greve de fome, tendo recusado a tomar qualquer alimento. “Passado alguns dias acabou por morrer nesta terça-feira em Aveiro”, contou a fonte.
Este portal sabe que desde que a Junta Médica encerrou há três anos, já morreram mais de 50 doentes, que viviam sob sua conta e risco em diversos pontos de Portugal, situação que para muitos a refundação da Junta Médica em Portugal em 2020 foi um fracasso.
Liderada por Francisco Pascoal e João Bastos, a Junta Médicos, segundo os cidadãos angolanos em Portugal, continua com os antigos maus métodos, pois afirmam que os pacientes evacuados de Angola para Portugal são alojados em duas pensões precárias, uma delas é a Luanda que não dispõe de condições de higiene de acomodação e de alimentação.
“Quanto a primeira como na segunda, 20 doentes chegam a partilhar uma mesma casa de banho e durante a pandemia da Covid-19, centenas de pacientes contraíram a doença e outros morreram vítima da SARS COV-2”, contou.
Para os utentes, a refundação da Junta não trouxe novidades no que concerne aos critérios de doentes que devem viajar a Portugal em busca de assistência médica diferenciada e especializada, pois “até hoje, ter influência, é a chave”.
Contam que também foi assim na escolha dos 500 doentes que foram expulsos de forma administrativa e compulsiva em 2020. “Três anos depois, isto é, em 2022 o presidente da Junta, Francisco Pascoal, veio novamente a Portugal e chamou o resto dos doentes expulsos que nesta altura são cerca de 80, mas João Bastos só chamou 50”.
A fonte revela que até ao momento foram apenas reenquadrados alguns militantes doentes do MPLA e familiares da Ministra da Saúde e do presidente da Junta Médica. O funcionamento da Junta Médica em Portugal não está comprometido também pelo desentendimento entre João Bastos, chefe do Sector de saúde da embaixada Angola em Portugal e João Pascoal, Presidente da Junta de Angola.
“Doutor Bastos diz ter proteção do presidente João Lourenço, de quem se gaba de receber ordens superiores e ser amigo pessoal”, assinalou a fonte.
Fontes da Embaixada de Angola em Portugal relatam que o Ministério da Saúde (MINSA) continua a contrair dívidas com hospitais, farmácias, pensões, doentes e fornecedores, sublinhando que os critérios para a vinda de doentes de Angola para Portugal são desconhecidos.
Para uma efectiva e verdadeira refundação da Junta Médica, em Portugal, especialistas defendem que seja criada uma comissão independente para corrigir os graves erros cometidos pela comissão encabeçada por Francisco Pascoal, que já provocou a morte de 51 doentes expulsos da Junta em Portugal assim como a desgraça de mais de 400 outros doentes que tinham regressado a Angola e que por não haver condições de saúde em Angola, estão de regresso a Portugal com dificuldades, sobretudo no domínio social.
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