Há pouco mais de um mês, o Governo de São Tomé e Príncipe reuniu de emergência para analisar o crescente êxodo de jovens para Portugal, Brasil, Gabão e outras paragens e manifestou profunda preocupação com o fenómeno.
Os governantes são-tomenses comprometeram-se a fazer o que estiver ao seu alcance para reduzir o fenómeno. O êxodo está a levar para fora do país muita inteligência e força de trabalho necessária para o desenvolvimento do pequeno arquipélago.
Em Angola, os números da emigração diária de jovens – e não apenas – já atingiram a “estratosfera”.
Recentemente, fontes oficiais lusas revelaram que o número de angolanos em Portugal aumentou 50% em 10 anos.
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Segundo esses dados, a maior parte dos angolanos residentes em Portugal é jovem, na faixa etária entre os 20 e 30 anos.
Há uma semana, Kizua Gourgel, músico, anunciou no programa Conversas Essenciais que decidiu abandonar temporariamente o país para assegurar futuro seguro para os seus filhos.
Como milhares de outros angolanos, Kizua Gourgel não deixou Angola apenas por razões económicas; não é a falta de pão à mesa que o impeliu a deixar o país.
Milhares de angolanos, jovens, abandonam empregos bem remunerados em Angola porque, como diz a experiência humana, nem só do pão vive o homem. A balbúrdia em que o país se tornou, a perseguição política, a crescente transformação do SIC e SINSE em polícia política, a “kazukuta” em que se transformou o poder judicial, o crescente autoritarismo, a ausência de compaixão dos governantes para com os governados, a arrogância, a injustiça social, o livre arbítrio, enfim, prosperam em Angola comportamentos que que tornam o país impróprio a quem nele quer viver em paz e liberdade.
Estranhamente, não há notícia de que tanto o MPLA quanto o seu Governo alguma vez tenham manifestado qualquer preocupação com o crescente êxodo de angolanos.
Aliás, não se sabe se traído pela língua portuguesa, com a qual tem relações pouco amistosas, ou se manifestava um sentimento genuíno, em post que publicou há não muitos meses na sua página no Facebook o Presidente da República, João Lourenço, manifestou apreço aos jovens que deixam o país em busca de melhores condições de vida.
Ou seja, o Chefe de Estado não toma como constrangedor para Angola o facto de milhares de jovens, todos eles em idade activa, abandonarem o país em busca de melhores condições de vida.
Ou devia estar sob influência daquela conhecida erva de Malange no dia em que o então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, disse que Angola se tornaria num bom lugar para viver ou, o que não é de todo improvável, o seu sucessor não descansará enquanto não reduzir a cinza todo o legado do seu pai político.
Os pretextos que o Presidente da República evoca para viajar incessantemente ao estrangeiro provam que Angola tornou-se “inóspita” até mesmo para o “dono” do País.
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