O governador Job Capapinha, dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975), citado pela Emissora Católica de Angola, o partido dos "camaradas", que elegeu 124 deputados em 2022, conta atualmente com um reduzido orçamento.
"Quantos deputados perdemos nas eleições de 2022? A UNITA tem 90, nós ficamos com 124 deputados, sabem quantos milhões de dólares o partido perdeu do OGE [Orçamento Geral do Estado]? O bolo orçamental do partido ficou reduzido devido à esta perda de lugares no parlamento, logo o orçamento do partido baixa", disse na abertura de um seminário da comissão de auditoria e disciplina do MPLA no Cuanza Sul.
"As nossas necessidades também têm cortes porque estamos a receber menos do OGE", salientou Job Capapinha, também governador provincial no Cuanza Sul.
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O MPLA elegeu 124 deputados nas eleições gerais de 24 de agosto de 2022, menos 26 deputados em comparação com as eleições de 2017, sendo que a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola, oposição) quase que duplicou o número ao eleger 90 deputados para a legislatura 2022-2027.
Para Capapinha, também secretário provincial do MPLA na província angolana do Cuanza Sul, círculo eleitoral onde a UNITA elegeu um deputado, o cenário da redução do número de deputados também pode vir a verificar-se nas eleições autárquicas, se os "camaradas dormirem".
"E assim, sucessivamente, vai acontecer [redução de deputados] com as autarquias, se também estivermos a 'ngonhar' (gíria local que significa dormir ou distraídos) e deixarmos os municípios para eles [oposição] tomarem conta, na hora das contas vamos ver que não valeu nada para nós", alertou.
Capapinha considerou ainda que a UNITA quer a "rápida realização" das eleições autárquicas em Angola para esta acomodar as pessoas com as quais se "comprometeu, dentro e fora do país", nas eleições de 2022.
"O problema não está nas autarquias, vai sim haver, é um preceito constitucional, nós vamos cumprir, mas não é isso que preocupa neste momento o nosso povo, o que preocupa neste momento o nosso povo são condições básicas para viver com ou sem autarquias", notou.
"Neste momento os milhões e milhões que vai gastar nas autarquias, faz ainda os campos, abre lavras e vai ver se o povo não vive bem, vive sim. Nós também queremos [eleições autárquicas], mas vamos com calma e essa informação que temos de passar aos militantes, essas dificuldades todas que estão a nos pôr, muitas são fabricadas", atirou.
As primeiras eleições autárquicas em Angola ainda não têm data marcada, e a UNITA defende a sua concretização em 2023.
A Lei sobre Implementação das Autarquias Locais é o único diploma legal, que faz parte do pacote legislativo autárquico, que ainda não foi aprovado pelo parlamento angolano.
O político ainda disse que o trabalho da UNITA é apenas mostrar o que está errado e nunca divulga as grandes ações que o executivo tem feito. Capapinha continuou dizendo que eles podem tentar não vão conseguir, todos querem ser governador, deputado ou ministro, mas nos não vamos ceder à pressão e não vamos sair do poder porque governar cuya.
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