Um recém-nascido morreu, esta semana, no Centro Materno Infantil da Samba por falta de assistência médica por parte de duas enfermeiras que se recusaram a medicar o bebé porque o pai da criança não dispunha de 10 mil kwanzas para aquisição de um fármaco (Cloridrato de Papaverina), disse ao Novo Jornal um familiar da criança.
Este caso ganha contornos de escândalo trágico porque o centro médico possuía na sua farmácia o medicamento eficaz no combate aos espasmos intestinais e gástricos, em espasmos bronquiais, angina de peito e disritmias cardíacas. O recém-nascido morreu horas depois, por não ser medicado, porque as enfermeiras exigiram urgentemente ao pai do pequenino a quantia de 10 mil kwanzas para a compra do remédio que seria administrado à criança. Segundo apurou o Novo Jornal junto de uma fonte hospitalar, o progenitor terá ainda suplicado por ajuda às enfermeiras, mas estas não aceitaram ajudá-lo por não dispor dos valores.
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Horas depois, contou a fonte, o pai do recém-nascido saiu do centro e foi à procura do dinheiro e tão logo regressou ao hospital entregou os 10 mil kwanzas a uma das enfermeiras para comprar do remédio que exigiam. Foi assim, continua a fonte, que o mesmo se apercebeu que a sua criança acabou, entretanto, por falecer por falto do fármaco.
Frustrado com a situação, e apercebendo-se da existência de uma equipa inspectiva da Inspecção-Geral da Administração do Estado (IGAI) ao centro, o jovem comunicou o sucedido e estes por sua vez chamaram o Serviço de Investigação Criminal (SIC) que interpelaram as enfermeiras visadas. Conta a fonte que as enfermeiras entregaram o valor recebido ao IGAI logo após serem indagadas. Fontes do SIC-Luanda confirmaram os factos aos Novo Jornal e certificam que as mesmas encontram-se já detidas. Segundo o SIC, as duas enfermeiras violaram a Lei da Improbidade Pública e cometeram os crimes de recebimento indevido de vantagem e de extorsão. Entretanto, a fonte hospitalar contou ainda que a equipa inspectiva IGAI, após uma breve vistoria ao centro, encontrou em stock o referido fármaco (o Cloridrato de Papaverina) em quantidade e certificou junto da direcção do Centro Materno Infantil da Samba que o pessoal e serviço usa apenas quando lhes convém.
Alguns cidadãos disseram ao Novo Jornal ser uma prática recorrente das unidades hospitalares em esconderam os medicamentos disponíveis ao público, para depois comercializarem.
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