“MANNY RIVER TO CROSS”, O TÓNICO DE QUE PRECISAVA JONAS SAVIMBI-Jorge Eurico

 





“Manny River To Cross” é uma música escrita e gravada pelo músico jamaicano Jimmy Cliff em 1969.


Ela traduz o sentimento de alguém profundamente deprimido que, depois passar por vários “trancos e barrancos”, admite que o seu fim chegou ou está muito próximo disso. 


A lírica revela  o sentimento de alguém que toma consciência que, depois de ter passado por muitas e tantas, o seu tempo acabou; de alguém que, depois de tudo ter feito, não mais tem escapatória.



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Consta que já física e psicologicamente combalido, poucos dias antes de ter sido varado pelas balas das Forças Especiais das FAA, Jonas Savimbi teria manifestado o interesse de ouvir esta música. Terá sido, para ele mesmo, uma espécie de premonição. Um sentimento inaudito que tomou de assalto a sua amarfanhada alma. Parecia sentir que o seu fim estava próximo. E estava. Ele (pre) senti-o. 


O interesse terá sido manifestado depois de o líder da UNITA ter saltado/atravessado muitos rios e andando a “cirandar” pelas matas do leste de Angola com o escopo de driblar as Forças Especiais que - “municiadas” com a delação de muitos dos seus colaboradores já sob custódia do Governo na Catumbela (Benguela) e no Luena (Moxico) - já respiravam na sua nuca. 


Quando os comandos das FAA o cercaram, premiram o gatilho e disparam, Jonas Savimbi tombou. E o chão de Angola tremeu. As armas, estas, calaram- a seguir.


“Manny Rivers to Cross” já foi gravada por muitos músicos, incluindo Harry Nilsson, John Lennon, Joe Cocker, Percy Sledge, Little Milton, Desmond Dekker, UB40, Cher, The Brand New Heavies, Eric Burdon & The Animals, The Walker Brothers, Marcia Hines, Toni Childs, Oleta Adams, Linda Ronstadt, Annie Lennox, Bryan Adams, Chris Pierce, Arthur Lee e Jimmy Barnes. Também foi apresentada no Caribe por Alison Hinds de Barbados e Tessanne Chin da Jamaica, o mesmo lugar de origem do próprio Jimmy Cliff.


Post Scriptum: O meu escrito não se compagina com o espírito Pascal que estamos a viver. Tenho disso consciência. Todavia, não tenho culpa de gostar da música referida, cuja lírica compulsa o estado de alma de alguém que está na “mo de baixo”. Se acaso “pequei”, neste dia de celebração da Páscoa, a culpa é única e exclusivamente de Jimmy Cliff, cujas obras me fazem trautear e menear a cabeça. Não só a mim, mas a todos aqueles que têm bom gosto. Seja como for, penitencio-me aos seguidores de Jonas Savimbi e aos militantes da UNITA por rememorar um episódio que ainda presumo ser triste para eles.




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