Dentre as incongruências que marcam as condecorações e homenagens recentemente feitas a mais de cinco centenas de personalidades nacionais pode juntar-se a constatação de que há um forte hiato entre os conteúdos curriculares concebidos para o ensino de base e aquilo que é o entendimento real dos governantes sobre a História contemporânea de Angola.
Foi o que pude depreender ao assistir esta manhã a uma vídeo-aula passada pela TPA, que até onde vai o meu conhecimento contam com a supervisão do Ministério da Educação.
Na verdade, não tenho qualquer pejo em reconhecer tais vídeo-aulas como uma excelente iniciativa pública; sendo mesmo dos escassos programas didácticos e positivos que a televisão em Angola tem disponibilizado a título de serviço público de informação.
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A aula desta manhã foi da terceira classe, na disciplina de Estudo do Meio, tendo por tema "O nosso passado histórico e as nossas tradições", e como subtema "Figuras históricas". Falou-se dos chamados "País da Independência" (Agostinho Neto, Jonas Savimbi e Holden Roberto) e dos três movimentos a eles associados: MPLA, UNITA e FNLA.
Excelente aula, dada de forma simplesmente didáctica, sem as costumeiras paixões e propaganda que caracterizam a política interna.
Fiquei agradavelmente surpreendido, porque não sabia que os técnicos do Instituto Nacional para a Investigação e Desenvolvimento da Educação (INIDE), o departamento do Ministério da Educação (MED) que cuida da elaboração dos currículos escolares, tiveram a coragem de dar tamanho passo revolucionário, ao ponto de incluir no que se ensina às nossas crianças um conteúdo que os cidadãos mais-velhos da sociedade ainda têm como um rigoroso tabu.
Sabemos, aliás, que na maioria das escolas um professor está proibido de ensinar sobre Jonas Savimbi e Holden sem deixar que os alunos saibam claramente quem eles foram: marionetas do imperialismo ocidental, títeres do apartheid, assassinos do povo e anti-patriotas.
De modo que diante da vídeo-aula só não me desmanchei em palmas, porque pouco depois cai na real. Uma coisa são os tecnocratas do INIDE terem dado um salto e andarem já perto do que equivale ao acto de pisar na Lua, mas outra bem diferente é afinal a quantidade de pruridos e minhocas que ainda povoam a mente e o comportamento dos políticos que estão no topo da governação.
Por distração ou mesmo por ignorância, os que estão no topo do arranha-céus da governação até podem deixar passar certos devaneios e modernices dos técnicos que estão no andar térreo lá do MED. Isto na verdade pode ser facilmente corrigido, nem que seja in-extremis.
Ao fim do dia, acabará por prevalecer a mente fechada, retrógrada e mesquinha do Chefe Máximo e dos seus capachos. Enquanto eles viverem e manejarem os cordelinhos da vida política em Angola, os cidadãos em geral podem tirar o cavalinho da chuva: Jonas Savimbi e Holden Roberto continuarão a ser proscritos e jamais serão merecedores de reconhecimento e homenagem. Seria um crime de lesa-Pátria!
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