Uma das decisões mais marcantes que João Lourenço tomou no início do seu primeiro mandato, em 2017, foi a inviabilização da Air Conection Express (ACE), um estratagema através do qual o Estado financiaria a destruição da TAAG, sua própria companhia de bandeira.
Basicamente, o Estado, por via da TAAG, equiparia essa companhia privada de aviação para lhe fazer concorrência, mas teria uma participação residual no seu capital social.
Por distração, carcomido pelos excessivos anos de poder ou porque não tinha todos os dados do problema, o antigo Presidente José Eduardo dos Santos avalizou o surgimento de uma empresa sanguessuga.
Os “artistas” por detrás da xico-espertice obtiveram do então PR luz verde para negociarem, com uma construtora aeronáutica canadiana, a compra de seis aviões do tipo Bombardier Q400.
Por detrás do astucioso golpe ao erário estavam integrantes do “plantel” principal do Presidente João Lourenço, designadamente, os seus Ministros de Estado e Chefes das Casas Militar e Civil, Pedro Sebastião e Frederico Cardoso, respectivamente, Siqueira Lourenço, seu irmão e chefe adjunto da Casa Militar, Augusto Tomás, último ministro dos Transportes de José Eduardo dos Santos e o empresário Bartolomeu Dias.
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Num primeiro momento, o golpe custaria aos cofres públicos “módicos” 180 milhões de dólares.
Alertado, e num tempo em que aparentemente ainda “ouvia”, em Maio de 2018 João Lourenço decidiu pôr fim à farra que estava a ser montada às costas do Estado.
Em despacho, o novo Presidente da República deu poderes a Ricardo Viegas D`Abreu, seu ministro dos Transportes, para extinguir a comissão encarregada de montar o consórcio para a compra de seis aviões com que a Air Conection Express decolaria.
Atingido na boca do estômago pela decisão presidencial, Bartolomeu Dias, foi para lá dos limites da urbanidade na reacção.
Entrevistado pelo Jornal Valor Económico, acusou o Presidente da República de se opor ao desenvolvimento do país.
“João Lourenço não quer criar empregos, é inimigo do desenvolvimento”.
Colérico, o empresário disse que o Presidente da República tinha por hábito “emprenhar pelos ouvidos. Desde que entrou, o Presidente só está a colocar travões no desenvolvimento, não fez nenhum gesto que desse sinal de impulso à economia”.
Apesar dos protestos, feitos no espaço público ou em surdina, a Air Conection morreu em terra.
Ricardo de D`Abreu mostrou o pau, mas nunca exibiu a cobra morta.
Em Junho de 2022, “ressuscitou” a ACE, sob a designação de Hi Fly, “acoplada” ao espanhol Eduardo Fairen Soria a quem foi entregue a gestão da TAAG.
Com uma subtil diferença: a empresa de Pedro Sebastião, Sequeira Lourenço, Bartolomeu Dias e outros pretendia nascer e florescer à custa da teta pública para fazer concorrência à TAAG. A “ACE” do espanhol quer recompor a sua arruinada tesouraria à custa da TAAG, o que passa por tomar-lhe os negócios mais rentáveis.
Desde que tomou conta da gestão da companhia aérea pública angolana, Eduardo Fairen não tem disfarçado os seus propósitos de “desossar” a TAAG.
Para inicio de conversa, tomou-lhe a operação da sua mais lucrativa rota (Luanda-Lisboa-Luanda), algo que fez sob o pretexto de que a companhia angolana não possuiria aeronaves em condições de responder à crescente demanda.
O espanhol mandou para oficinas ou acantonou a moderna e competitiva frota de aviões de longo curso que encontrou na TAAG.
Com o acantonamento dessas aeronaves, Eduardo Fairen arranjou pretexto não apenas para a contratação da companhia Hi Fly, que usa, quase exclusivamente, aviões Airbus 330, como paulatinamente vai afastando a marca TAAG do espaço europeu.
Nos dias que correm, a rota Luanda/Lisboa/Luanda é operada pela Hi Fly com os seus cansados A 300.
Se colocados lado a lado, o A 330 estaria para o B 777 300 ER, de que TAAG possui cinco unidades, como um Toyota Rav 4 estaria para um Toyota VXR Twin Turbo.
A troca de aviões na mais procurada rota da TAAG levou ao ócio centenas de pilotos, mecânicos e outros especialistas que a transportadora nacional formou ao longo de anos.
A “restruturação” da rota atingiu até o Pessoal Navegante de Cabine, os nossos conhecidos comissários de bordo, trocados por espanhóis, colombianos e outros latinos.
Por causa da forte presença de indivíduos da órbita espanhola na América Latina, no aeroporto internacional de Luanda, nas oficinas de manutenção da TAAG e noutras estruturas da companhia o português está a dar lugar ao portunhol, que é uma amálgama das duas línguas.
A “despersonalização” da transportadora angolana atingiu, agora, o call center (centro de atendimento) em Lisboa, o seu principal destino europeu, para onde semanalmente embarca e desembarca milhares de passageiros, maioritariamente angolanos. Com essa decisão, a TAAG distancia-se cada vez mais da capital portuguesa.
Sem qualquer informação prévia, nos últimos dias quem procurou contactar a TAAG através do seu call center habitual confrontou-se com silêncio no outro lado da linha.
Sabe-se, agora, que os interessados em contactar a TAAG telefonicamente terão de fazê-lo através de um número que não é português. O indicativo (+34) seguido do número 7074 50023 dizem que o call center migrou para a Espanha. Isto é, quem, estando em Portugal, necessite de contactar a TAAG em Lisboa terá de fazê-lo por duas únicas vias: ou deslocar-se fisicamente ao aeroporto Humberto Delgado ou fazer uma chamada internacional.
Em 2017 e numa decisão que deixou incrédulos os usuários da companhia, a direcção da TAAG decidiu encerrar o seu escritório na capital portuguesa. Desde então, as vendas de bilhetes só são possíveis ou no balcão do aeroporto ou por via electrónica.
A transferência do call center da TAAG em Portugal para Espanha acrescenta mais um passo ao progressivo afastamento da companhia aérea dos seus utilizadores, maioritariamente angolanos.
Antes de mudar o centro de atendimento para Madrid, Eduardo Fairen Soria já tinha transferido para a empresa espanhola Summerwind, em que é suposto ter interesse, a representação da TAAG em Portugal.
A transferência de importantes operações da TAAG para a Espanha coincide com notícias que dão conta de um abrupto aumento do património imobiliário do ministro dos Transportes em Mabela e outros destinos paradisíacos espanhóis.
Quando assumiu a gestão da TAAG, Eduardo Fairen estabeleceu como prioridade uma parceria estratégica com a Iberia, a companhia aérea de bandeira de Espanha. Essa parceria contempla a partilha da rota Luanda-Madrid-Luanda.
Eduardo Fairen argumentou que a nova conexão permitiria “aos passageiros que viajem desde a rede de TAAG em África ligar, via Madrid, com a rede de IBERIA em Europa, Latinoamérica e Norteamérica, chegando a 134 destinos em 43 países.”
Não há conhecimento público dos benefícios dessa parceria para a TAAG.
Também não é público o contrato-programa que vincula a TAAG ao espanhol Eduardo Fairen.
Outrossim, estão cobertos pela mais profunda opacidade os acionistas que se ocultam na Sociedade Anónima em que a TAAG foi transformada.
O que é público é que a factura da TAAG continua a ser exclusivamente paga pelo erário.
Correio Angolense
𝐉𝐮𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐒𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐒𝐞𝐠𝐮𝐫𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐒𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥
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