Humildes e discretas, apanágio de todas as pessoas cultas e civilizadas, os nipónicos nada disseram sobre um muito possível incidente que terá sido protagonizado pelo Presidente João Lourenço durante a sua recente digressão pelo Japão.
Repetente em gafes, é muito provável que, no dia 13 de Março, quando foi recebido em audiência, o Chefe de Estado angolano se tenha dirigido ao anfitrião não como Sua Alteza Imperador Naruhito, mas como Presidente Naruhito.
O Japão, para os que sabem, é uma monarquia constitucional.
Nos dois Decretos, tornados públicos terça-feira, 28, através dos quais substitui o embaixador na capital nipónica, o Presidente da República alude à República do Japão.
República do Japão não existe!
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O Presidente angolano, vale a pena recorda-lo, regressou há pouco menos de 15 dias da sua primeira visita oficial ao Japão.
Ainda no Japão, membros da numerosa delegação que acompanhou o Presidente da República chamaram à atenção por haverem ido a um encontro de trabalho com homólogos nipónicos sem blocos de notas e nem esferográficas.
Já em Luanda e instado por um amigo, um ministro que participou do encontro disse que ele e os restantes colegas acharam desnecessário fazer anotações do encontro porque já tinham feito o trabalho de casa...
Está aí o resultado do trabalho de casa.
Menos de 15 dias depois de deixarem o Japão, o Presidente da República e o seu secretário para os Assuntos Diplomáticos e Cooperação Internacional, Victor Lima, já não se lembram da designação oficial do país em que estiveram.
Em dia de pancadaria contra o conhecimento, o Presidente da República rebaptizou o Reino da Noruega com o nome de República da Noruega.
É para a “nova República” que João Lourenço nomeou como embaixador Alcino Izata da Conceição.
O Presidente da República esteve na Noruega em Novembro do ano passado.
É também muito provável que João Lourenço se tenha dirigido ao Rei Haroldo V como Sua Excelência Senhor Presidente da República da Noruega.
Na biografia do Presidente da República, disponível no Wikipédia, há uma passagem referindo que entre 1978 a 1982 ele estudou na Academia Político-Militar V. I. Lénine, de onde saiu com o título de mestre em Ciências Históricas.
De um historiador espera-se um pouco mais...
Se, como se espera e é de justiça, o Presidente da República endossar a Victor Lima a responsabilidade pelo duplo disparate, o que deve lhe custar o cargo, não estará longe o dia em que João Lourenço ficará “órfão” de assistentes...
É que, para ser coerente, João Lourenço tem de fazer com Victor Lima o mesmo que fez com Francisco João de Carvalho Neto, a quem, como se sabe, responsabilizou “única e exclusivamente” pela nomeação de um defunto.
A sucessão de gafes no palácio presidencial é perturbadora.
𝐉𝐮𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐒𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐒𝐞𝐠𝐮𝐫𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐒𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥
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