A questão é pertinente: o quê é que é mais embaraçoso ao Presidente da República?
Nomear um falecido, decisão estranhamente atribuída “única e exclusivamente” a um assistente jurídico, ou ter um ministro das Relações Exteriores que humilha o País?
A nomeação de um morto foi, sem dúvida, uma demonstração da negligência com que são tomadas algumas decisões. Foi a terceira vez, salvo seja, que o Presidente da República “ressuscitou” um defunto, atribuindo-lhe funções que, até prova em contrário, só podem ser exercidas por vivos.
O afastamento do autor da nova gaffe foi merecido, embora se questione a sua responsabilidade “única e exclusiva”.
E o Presidente que assinou os Despachos não responde pelos seus equívocos?
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O comunicado do Ministério das Relações Exteriores sobre a notícia emitida pela CNN Portugal segundo a qual 100 mercenários angolanos ter-se-iam juntado às tropas russas na agressão à Ucrânia também deixou o Presidente da República em maus lençóis. O documento deixou claro que o Presidente João Lourenço nomeou para o Departamento Ministerial que atende as relações externas alguém que não tem a menor noção do ordenamento jurídico interno de Portugal.
Teté António seguramente toma Portugal não como um Estado de direito democrático, como é, mas como uma qualquer república das bananas em que o governo ou o seu chefe determina o que os jornalistas devem ou não noticiar. É a força do hábito!
Vincular o bom ou mau relacionamento de dois Estados soberanos ao que é veiculado pela imprensa revela que o nosso Ministério das Relações Exteriores continua sossegadamente na Idade da Pedra.
Se tivesse noção do ridículo, Teté António saberia que não é ao Governo luso que Angola deve manifestar “o seu desagrado” pelo acto “irresponsável e reiterado da CNN-Portugal”.
Se tivesse noção do ridículo, Teté António não teria choramingado junto das autoridades portuguesas.
A contestação da notícia da CNN-Portugal deveria ser feita, agora sim, “única e exclusivamente” à própria estação televisiva.
O Ministério das Relações Exteriores alega que a CNN-Portugal tem causado, de modo reiterado, prejuízo à Angola.
É estranho. Em Agosto do ano passado, a mesmíssima estação televisiva enviou ao nosso país a sua repórter Ana Sofia Cardoso para a cobertura das eleições. Cabingano Manuel, o director de Informação da TPA, passeou-se pela cidade com a bela jornalista portuguesa, exibindo-a como se fosse um trofeu de guerra. Em Portugal, todos os telespectadores da CNN perceberam a inclinação da jornalista para o MPLA.
A ameaça, implícita na afirmação de que a notícia da CNN-Portugal “em nada abona o bom relacionamento entre a República de Angola e a República Portuguesa” remete-nos ao óbvio: Luanda ainda não mudou o chip.
Amarrada ao passado, Angola está convencida que Portugal ainda é dependente dos milhões de dólares que angolanos roubam ao seu próprio país e injectam na economia lusa.
Teté António precisa de saber que esses tempos já lá vão.
As centenas de angolanos que diariamente desembarcam em Lisboa ou se acotovelam no centro de vistos de Portugal em Luanda mostram a direcção do vento.
Angola já não é o el dorado com que muitos portugueses sonhavam nos anos que se seguiram ao fim da guerra.
A quantidade de dirigentes angolanos que ou resgataram ou se batem pela nacionalidade portuguesa deveria dizer alguma coisa ao ministro das Relações Exteriores.
A alusão de que a notícia emitida pela CNN-Portugal constitui “uma vontade deliberada para manchar e desacreditar a boa imagem das autoridades angolanas ao Mais Alto Nível” é não só totalmente despropositada como revela que vai se encurtando a distância entre a Coreia do Norte e Angola. Lá, como cá, os líderes cultivam nos seus povos o hábito de serem tomados como divindades.
Aliás, quê “boa imagem das autoridades angolanas ao Mais Alto Nível” reivindicam?
A imagem que muitos angolanos e a comunidade internacional têm das autoridades angolanas não é lisonjeira.
Recordando, se a nomeação de um morto foi um constrangimento para o PR, a Nota de Protesto através da qual o MIREX pede ao Governo português que “mande calar a boca” à CNN é uma humilhação aos angolanos.
Não merecemos um chefe da diplomacia tão básico.
𝐉𝐮𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐒𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐒𝐞𝐠𝐮𝐫𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐒𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥
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