Activistas angolanos com medo de regressar ao país por “perseguição” política



A denúncia vem de quatro jovens activistas cívicos angolanos residentes na vizinha República da Namíbia, aonde, em 2015, procuraram refúgio depois de terem escapado de uma detenção, em Luanda, pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), vítimas de repreensão e perseguição política pelo regime do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).


Manuel José, Damião António, Felipe Paulo e Julião Ngunza são jovens activistas cívicos que no passado se envolveram em actos de manifestações em frente ao cemitério Santana, em 2015, na capital angolana, no mesmo período em que o grupo “revolucionário, 15+2”, foi detido, alegadamente por preparem um golpe de Estado contra o então Presidente, José Eduardo dos Santos, e o seu partido MPLA, no poder desde 1975.

 



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Quase oito anos a residirem na Namíbia, os jovens pretendem regressar à pátria que os viu nascer, mas, segundo alegam, “embora tenha havido uma mudança de Presidente República, o regime do partido no poder continua a frustrar o sonho de muitos angolanos de voltar ao País para ficar próximo da família, bem como promover o ativismo”.

 

De acordo com os activistas, aquando da sua detenção pela Polícia Nacional no município do Cazenga, em Luanda, terão sido submetidos a um interrogatório e pressão psicológica, sendo que um dos investigadores insistia em perguntar o paradeiro dos demais activistas e amigos dos detidos, como Bento Manuel Pinto, Pedro Manzoeto João e Pinto Baltazar. Estes que, no entender da polícia, fazem parte de grupo que em 2015 criou, supostamente, instabilidade nas marchas realizada no largo 1º de Maio, em Luanda.

 

Os activistas contaram ao Club-K que a perseguição contra os cidadãos angolanos que pensam diferente ou criticam as más políticas do MPLA, actualmente, intensificou-se contra muitos activistas que não aceitaram os resultados do sufrágio eleitoral de 24 de Agosto de 2022, apontados como instigadores de rebelião e instabilidade política, o que está a criar um estado de tensão no seio de muitos activistas políticos, razão que leva muitos jovens a abandonarem o País em busca de segurança no exterior.

 

Ainda de acordo com a denúncia destes, as autoridades militares estão num, suposto, “estado de prontidão elevada com o envolvimento de efectivos das Forças Armadas Angolanas (FAA) e da Polícia Nacional, incluindo o Serviços de Investigação Criminal, (SIC)”, onde se denuncia a existência de raptos e perseguição contra activistas cívicos, levando muitos a fugir de Angola, como é o caso do jornalista da Rádio Despertar Cláudio Emanuel (IN), caso Man Gena, o activista Gangsta, este último sob medidas de coação, por termo de identidade e residência pela PGR, apenas para citar.

 

Uma fonte ligada à família revelou ao Club-K que o pai do activistas Pedro Manzoeto João terá sido, supostamente, raptado da sua própria casa, na madrugada do dia 14 do mês de Dezembro de 2022, por homens armados não identificados, por volta das 1h30 da madrugada.

 

“Arrombaram a porta de casa com pedras e, perguntavam o paradeiro do Pedro Manzoeto João, que é activista, e levaram o velho alegando que sabia onde o filho estava escondido com sua família”, disse a fonte que pediu anonimato, dando ênfase, que “a denúncia feita em Janeiro último, nas redes sociais, foi uma das causas das ameaças de morte e o desaparecimento do pai do activista”.

 

A família clama por ajuda, porque temem que algo de mal pode ter acontecido, uma vez que já procuraram nos hospitais, esquadras de polícia e nas penitenciarias e não o encontraram.


Club-K


          𝐉𝐮𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐒𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐒𝐞𝐠𝐮𝐫𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐒𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥




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