No dia em que fugimos de Angola para o Congo deixamos uma mensagem no chão do quarto, onde passamos a última noite no bairro Rangel com o código "As pombas voaram e chegaram bem”.
Vos garanto irmãos, essa história sobre a nossa viagem de alto risco.
Teve de tudo um pouco, é mirabolante tem detalhes de fazer qualquer um ficar de boa aberta e se não for forte pode mesmo cair de cú e possuido por lagrimas.
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Vou tentar estruturar essa crônica de forma a não me escapar nenhum detalhe e tudo farei para manter o controle das minhas emoções.
Pois o lado mais triste da nossa viagem de alto risco foi marcada pela morte do meu amigo, irmão e companheiro de viagem sem que eu tenha visto seu corpo. (Detalhes para outra crónica).
Pois , ao contrário de outros jovens que quando abandonaram Angola já tinham.
O que se chamava de guias que lhes orientava o caminho clandestino no maior secretismo para não espantar a desconfiança dos muchachos da polícia secreta portuguesa PIDE / DGS.
Isto aconteceu até mesmo com o mais velho José Eduardo dos Santos ex-presidente da república, Kolombolo, Antoninho Maicas ( Cruz ).
E outros tantos mais velhos até meus conhecidos apesar da diferença de idade que se juntaram.
Aos movimentos já seguindo algumas orientações das tais células clandestinas do MPLA e da FNLA que já operavam em alguns bairros de Luanda.
Eu e o Beto fomos avupá como se costuma dizer, sem qualquer orientação.
Isso aconteceu pouco antes do 25 de Abril de 1974 todo território angolano ainda estava sob pleno e total controlo das autoridades portuguesas.
E viajar para Cabinda que foi a nossa ponte de ligação não era canja.
Pois era logo relacionado com alguma intenção de se avançar até aos Congos, onde estavam os denominados pelos negros por irmãos cambutas, e pelos brancos os pintados de terroristas.
Essa viagem foi preparada por nós na maior das calmas para não despertarmos as atenções eu da minha mãe.
E o Beto também da sua mãe e das suas irmãs uma delas era a Gina uma bem boa, que era na altura noiva ou mesmo ja esposa de um Soares que trabalhava na Luso Holanda.
Beto de seu verdadeiro nome Belarmino Wilson era o meu maior e melhor amigo na altura.
Éramos como irmãos do mesmo sangue, com ele fazia tudo, mas mesmo tudo, nos entendemos tão perfeitamente e até de olhos e boca fechada.
Curioso até mesmo a primeira miúda do bairro Rangel, com que namorei uma negra tão escurinha ao ponto que às noites na escuridão do quarto.
Só lhe via quando abrisse a sua boca por causa do brilho dos seus dentes brancos que brilhavam como ouro, por um pouco o Beto também lhe agarrava depois que eu tinha terminado a relação com ela.
É importante continuar, pois o jindungo dessa crónica ainda estou para relatar relacionado com a chegada á Cabinda, atravessia da fronteira pela madrugada e a morte do Beto, etc, etc.
𝐉𝐮𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐒𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐒𝐞𝐠𝐮𝐫𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐒𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥
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