Apesar de a sua acção ser globalmente decepcionante, o Executivo angolano ainda terá uns poucos membros com sensatez bastante para perceberem que a generalidade dos cidadãos deste país não “engoliu” a explicação do Instituto Nacional dos Recursos Hídricos do MINEA, que atribui o desabamento parcial do Canal do Cafu a “fortes chuvas que ocorreram nos últimos dias na cidade de Ondjiva”.
Embora a alguns ainda custe acreditar, a generalidade dos angolanos deixou, há muito, de “comprar” as justificações do Governo para todos os seus insucessos.
Aliás, o exemplo desse despertar é dado pelo próprio MPLA, que deixou, há muito, de adoptar como documentos de estudo todas as balelas e lugares comuns do seu líder.
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Desde que assumiu a presidência do MPLA não há memória que alguma reunião do Comité Central ou do Bureau Político tenha adoptado como documento de trabalho qualquer discurso de abertura de João Lourenço.
Agora que a maior obra de engenharia hidráulica jamais feita em Angola e quiçá em África e a custos que caberiam, ocupando um espaço insignificante, no bolso de uma facilmente identificável marimbondo, começa a “babar óleo”, urge que o dono da obra saia da touca para responder a perguntas como:
a) O Canal de Cafu foi projectado e executado de forma a atender satisfatoriamente a ocorrência de chuvas ou o dono da obra, os empreiteiros e os fiscais tomaram a província do Cunene como uma extensão do deserto do Sahara, onde raramente chove?
b) Quando serão tonados públicos os resultados da avaliação dos danos materiais e das suas implicações operacionais?
c) Quando começarão as obras de reparação?
d) Descartada a chuva, o desabamento parcial de Cafu se deve à sua má utilização ou a “defeitos de fabrico”?
e) As empreiteiras Omatapalo e Sinohidro, chinesa, bem como a empresa fiscalizadora, assumem a totalidade dos custos da reparação do canal?
f) A Omatapalo e a Sinohidro capacitaram quadros angolanos para operar o sistema?
g) Não está prevista a apresentação pública do modelo de sustentabilidade do sistema?
h) Será feita uma reparação pontual ou uma revisão abrangente do canal de modo a prevenir imediatos desabamentos?
i) E enquanto o canal é fechado para obras de reparação de quê modo serão compensadas as populações que se servem da sua água quer para consumo humano quanto para o de animais e para a lavoura?
j) Sendo modelo preferido do Presidente da República, o operador privado do sistema também será encontrado por adjudicação directa?
Sugerida por ele mesmo como a maior obra do seu primeiro mandato, o Presidente da República, obviamente acompanhado pelo ministro da Energia e Águas, deveria deslocar-se “ao terreno” para ver com os seus próprios olhos os frutos da eventual incompetência ou incúria das entidades a quem confiou a construção da joia da sua coroa. Não deveria contentar-se com o relatório da equipa técnica que o Instituto Nacional de Recursos Hídricos do Ministério da Energia e Águas disse ter enviado a Ondjiva para proceder a “um levantamento técnico para reposição das placas e solucionar a situação naquela secção do canal”
Repetindo: o Governo precisa de perceber, de uma vez por todas, que a generalidade dos cidadãos angolanos não anda com vendas nos olhos e nem com tampões nos ouvidos.
A cantilena da chuva nem já ao boi consegue mais adormecer.
No Cunene a chuva não cai com a mesma regularidade com que acontece nas Lundas, Malange ou Uíge. Mas chove e quando chove é mesmo a valer.
De resto, as “fortes chuvas” que o Instituto de Recursos Hídricos do MINEA diz terem ocorrido nos últimos dias ni Cunene só causaram danos ao canal de Cafu?
É que a comunicação social não relatou constrangimentos humanos provocados por enxurradas que teriam ocorrido nos últimos dias no Cunene.
𝐉𝐮𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐒𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐒𝐞𝐠𝐮𝐫𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐒𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥
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