Filomeno Lopes diz que diversificação económica de João Lourenço é uma retórica infantil



O presidente do Bloco Democrático (BD), Filomeno Viera Lopes, considera que o actual Executivo perdeu a capacidade de enfrentar os problemas e agarra-se com todas as suas forças a propostas externas para a condução da economia.

"O cenário macroeconómico subjacente no actual Orçamento Geral do Estado reflecte essencialmente as ideias do Fundo Monetário Intencional. Nesse sentido, o sistema tenta conviver inteligentemente com esta política internacional que não capta, muitas vezes por rigidez conceptual, as nuances da situação interna", afirmou o presidente do BD na abertura do ano político.

Por isto, segundo Filomeno Viera Lopes, "não há ruptura com a corrupção, por mais leis contra a lavagem de dinheiro prevalecentes, não há controlo sobre a forma de depredar o erário público, não interessa travar a prática predatória na economia, não há capacidade para resolver problemas básicos como o saneamento e a existência duma administração pública impessoal".




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"O sistema de partido único é tolerado internacionalmente, como veículo rápido, também de atender às necessidades internacionais em relação à Angola e isto dificulta o desenvolvimento democrático, onde se exige decisões partilhadas tornando os processos mais lentos", referiu, salientando que a democratização do País exige o rompimento da forma como o regime está organizado.


Na sua opinião, a reforma do Estado impõe-se e uma nova Constituição é fundamental, a forma de organização do poder judicial precisa de ser alterada, tal como a composição da Comissão Nacional Eleitoral e do Tribunal Constitucional.

"A repressão no País tem assim dois alvos: o alvo no interior do próprio poder, do próprio partido, afectando o poderio económico do grupo dos Santos, com ataque incisivo à Isabel dos Santos, e um segundo alvo, o povo, eterno grupo a ser explorado, via da depredação e privatização do Estado", esclareceu.

Referiu que a derrota eleitoral, incluindo nos círculos de grande incidência governamental (populações residentes em bairros modernos e no miolo das cidades, trabalhadores de empresas com boas remunerações, juventude filha do sistema) indica "uma profunda rejeição da actual governação".

"Angola mantém-se com a preponderância mono produtora petrolífera, o que faz com que a conjuntura económica ande ao sabor do petróleo. Inflação, taxa de câmbio e, por impacto, taxas de juros, dependem sempre da volatilidade do preço do petróleo", lamentou o político, que salientou que a política económica errada não impediu que o País caísse na armadilha da doença holandesa (com a apreciação histórica da taxa de câmbio), o que impediu a industrialização do país e transformou a ordem de diversificação económica numa retórica infantil.

"Este País tem uma económica de import-export, contra uma economia produtiva. Mesmo com o assunto da Covid, a apetência forte da classe dominante pelo vil metal continua a não permitir o financiamento sério do resto da economia, permitindo assim que o desemprego desabroche, a pobreza generalizada se mantenha pois não temos o usufruto do que exploramos, nem criamos oportunidades para explorando as potencialidades do país", disse.

Criticou a incapacidade do Estado, que, perante as suas responsabilidades, para servir exclusivamente um grupo minoritário, é agora associada a degradação moral, também vincada no vil metal.

"Começa a ser deveras preocupante as notícias de narcotráfico e de tráfico de seres humanos, onde se advoga que grandes patentes estão envolvidas. Isto acompanha o facto de a corrupção ser um fenómeno transversal e abrangente, envolvendo agentes dos três poderes, incluindo o judicial, onde se deveria situar a esfera de repressão, com princípios, a este fenómeno", frisou.

A finalizar referiu que prevê-se assim o crescimento da crise social, assente no descontentamento estrutural e na ausência de solução dos problemas básicos das populações, associado a incapacidade de realizar a transição energética, face à voracidade e dependência das fontes petrolíferas, matéria-prima que se encontra em declínio no País.



          𝐉𝐮𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐒𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐒𝐞𝐠𝐮𝐫𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐒𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥




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