Em Angola, os “finos” tomam o (nosso) pau de Cabinda, a liamba e o Kaporroto das ponteiras de Malange e também o (nosso) chá de caxinde como mixórdias de líquidos e folhas para consumo exclusivo dos atrasados, geralmente confundidos com a cor da pele e sua humilde origem .
Em Angola, quando se fala em diversificação da economia, os “engenheiros” pensam, quase exclusivamente, no aumento da produção e exportação do petróleo e outros minérios.
Agora e para estarem alinhados à moda internacional, também já aderiram à dita energia verde, num país que devia apostar todas as suas fichas na energia hídrica.
Em Dezembro do ano passado, o jornalista João de Almeida revelou, num post, que em 2021 o mercado global da liamba movimentou 17,8 mil milhões de dólares.
Segundo o jornalista, daqui a 7 anos, em 2030, o mercado mundial da liamba deverá crescer 25,3%, atingindo 230 mil milhões de dólares e a África contribuirá com uma boa fatia para esse negócio.
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“Este é provavelmente o melhor negócio para as comunidades camponesas do país e pode representar um grande impulso para o nosso PIB”, escreveu.
A liamba, como sabemos, é planta que cresce em qualquer quintal de terra batida na nossa terra.
Enquanto nos outros países o PIB cresce com a exportação de liamba, cachaça, grogue, vodka, em Angola a Polícia fez um enorme ruído antes de arrancar e incinerar alguns pés de liamba ou destruir uns poucos alambiques de kaporroto.
Em Angola, toda a comunicação social pública é chamada para reportar a incineração de uns poucos sacos de folhas de liamba ou, ainda, para ver agentes da Polícia a pontapear os instrumentos artesanais com que os camponeses fabricam as nossas bebidas caseiras.
No entanto, desde que este país é independente, e já lá vão 48 anos, não há registo de que a comunicação social alguma vez tivesse testemunhado a incineração de cocaína ou outras drogas pesadas.
Em Janeiro, num comunicado conjunto, a Polícia e o SIC disseram ter incinerado, em 24 de Novembro do ano passado, 164 kg de cocaína apreendidos no porto de Luanda em Agosto daquele mesmo ano. Segundo o comunicado, a incineração do “pó branco” foi presenciada apenas “por Magistrados do Ministério Público”.
É muito estranho que SIC e Polícia não prescindam da presença de jornalistas quando se trata de queimar e destruir plantações de liamba ou alambiques de kaporroto e já a incineração, se alguma aconteceu, é feita apenas com a presença de Magistrados do Ministério Público.
Seja como for, enquanto os políticos angolanos orientam a Polícia para destruir o kaporroto e a liamba, de cuja venda depende a sobrevivência de muitas famílias camponesas angolanas, povos avisados, nomeadamente os europeus, industrializaram o que o nosso país produz, mas despreza.
Na Europa, o nosso pau de Cabinda é hoje vendido nas mais reputadas superfícies comerciais. E a preços que desmentem qualquer charlatanice. O mesmo se passa com o nosso chá de caxinde.
E dizem eles, os tais “finos”, que têm projectos para a diversificação da economia.
𝐉𝐮𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐒𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐒𝐞𝐠𝐮𝐫𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐒𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥
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