Citando como fonte as redes sociais, o apresentador deste programa relatou a ocorrência de um acidente de viação que se registou há dias, em Moçamedes, em que uma jovem, em estado de gestação, foi mortalmente atropelada, havendo fortes indícios de uma acção dolosa, de um suposto crime passional em que estaria envolvida a esposa de um dos «vice» governadores daquela província. Consta que a vítima estaria grávida desse mencionado responsável político. A autora do atropelamento pôs-se em fuga, sem ter prestado socorro à vítima.
Fontes convergentes naquela cidade apontam a esposa do governante como tendo sido a autora do atropelamento e que a viatura envolvida no mesmo terá desaparecido da circulação, de forma a apagar as pistas do alegado crime.
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Em nenhum momento, o autor da peça da TPA faz alusão à mulher do governante, o que não deixa de ser, no mínimo, suspeito, pois não custava nada fazer referência ao facto e procurar o contraditório junto à parte acusada.
Em consequência de uma alegada inércia policial ou tentativa de apagamento de provas, dezenas de manifestantes saíram nestas últimas horas à rua em sinal de protesto, ao ponto de obrigar a polícia a dispersar os manifestantes com recurso ao gás lacrimogéneo.
Num péssimo exercício de jornalismo, um dos correspondentes da TPA naquela cidade chamado a comentar o assunto, não se deu ao trabalho de entrevistar nenhum dos presentes na manifestação para saber sobre os motivos do protesto, pelo que se limitou a ouvir a versão da polícia que, por sua vez, condenou a manifestação, considerando-a «ilegal».
E assim vai o nosso jornalismo «lentilhado», dos jornabófias que deturpam os acontecimentos de forma acintosa, em total desrespeito e insensibilidade à vítima e aos seus familiares.
Ilidio Manuel
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