Na análise do ano 2022 destacámos em Março o primeiro embate público das telefónicas, depois de terem falhado as negociações para a partilha de infraestruturas, que levou a Africell a acusar a Unitel de extorsão pelos preços de utilização que tinha pedido. A Unitel respondeu que apenas apresentou os preços de referência na região.
O facto de o Expansão ter no início de Março questionado a Africell pelo atraso no início das operações no País, que numa primeira fase tinham sido agendado para Dezembro de 2021, levou a que uma fonte da administração do novo operador tivesse justificado da seguinte forma: "O Governo angolano disse que não haveria problemas com o acesso a infra-estruturas e estávamos à espera dessa partilha com a Unitel. Mas as negociações para essa partilha não correram bem, pois a Unitel tentou literalmente extorquir-nos com preços incomportáveis".
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E foi mais longe. "Depois há outra questão, algumas das poucas infra-estruturas que se predispunham a partilhar são hoje muito antiquadas, têm má qualidade e apenas permitem, por exemplo, instalar equipamentos de uma só operadora. Como a Unitel praticamente não tinha concorrência, não fizeram os investimentos necessários para melhorar essas infra-estruturas. Foi frustrante. Acabámos por investir muito dinheiro para conseguirmos instalar as nossas infra-estruturas próprias". Para além da capacidade dos equipamentos, neste conflito estava também a questão dos preços.
A Unitel confirmou ao Expansão que a 15 de Outubro de 2021, e "conforme carta de manifesto de desagrado ao CEO da Africell, a Unitel deu referências de preços alinhados com a região, nomeadamente com os TowerCo internacionais, mormente Helios Towers e IHS, bem como indicações a nível do mercado nacional onde a Unitel aluga sites", refutando, assim, a acusação da Africell sobre a aplicação de preços não justificáveis.
Este primeiro embate teve depois repercussão no relacionamento ao longo do ano entre as duas companhias. Primeiro dado a ter em atenção é que à data da entrada da Africell no mercado nacional, a telefónica nacional, que agora é propriedade em 100% do Estado, tinha uma quota de 80% e vivia sem concorrência. Isto porque a Movicel nos três últimos anos também passou por momentos conturbados, que levaram à alteração do capital social em dois momentos, e não significava uma ameaça à hegemonia da Unitel.
Um segundo dado a ter em atenção é que a empresa americana entrou neste sector com um pacote de incentivos fiscais dados pelo governo que lhe permitem ter uma gestão diferente dos operadores já instalados. Também é importante acrescentar que nesta altura, Março, o capital da Unitel ainda não estava na posse do Estado, estava a decorrer o processo contra a Geni (do general Dino) e a Vidatel (de Isabel dos Santos), e que veio a culminar com a nacionalização das participações destas empresas na companhia. A Africell beneficiou desta conjuntura para ganhar algumas simpatias, e benesses, por parte do Poder.
Esta foi primeira batalha de uma "guerra" comercial entre as duas empresas, perfeitamente justificada pela necessidade de Africell ter de ganhar massa crítica e de Unitel defender a sua posição de domínio. Numa primeira fase em Luanda, a companhia americana desenvolveu uma campanha de preços e de fidelização de clientes através da oferta de telemóveis que "obrigou" a Unitel a fazer diversas campanhas promocionais.
Em termos públicos também se assistiram a diversos confrontos verbais entre os responsáveis, expressando aquilo que se estava a passar no terreno. Em termos práticos o número global de assinantes globais cresceu, e acelerou a implantação dos diversos projectos que estavam a ser desenvolvidos, de que são maior exemplo o lançamento na semana passada do pacote Net Casa G5 da Unitel, o primeiro da tecnologia G5 em Angola, e o cartão eSIM da Africell, também pioneiro no País nesta tecnologia de o utilizador apenas com um cartão SIM activar e aceder a todos os planos disponíveis e utilizar diferentes operadoras num mesmo aparelho. Expansão
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