Ser recebido em na sala oval da Casa Branca é a aspiração sublime de muitos líderes do chamado terceiro mundo, sobretudo africanos.
Líderes africanos fazem “fila indiana” para serem recebidos na mágica sala.
Quando, por alguma razão, não são honrados com audiência na Casa Branca, geralmente por incompetência dos seus principais colaboradores, determinados dignitários terceiro-mundistas disfarçam a frustração e a vergonha em subterfúgios infantis.
O que é facto é que as audiências que os titulares circunstanciais da Casa Branca concedem a dignitários estrangeiros obedecem a critérios, que não incluem, necessariamente, o tamanho do país ou a quantidade de petróleo produzida diariamente. Nos dias de hoje, os Estados Unidos valorizam – e muito – a boa governação, o respeito às liberdades individuais e outros direitos universalmente aceites.
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São por essas razões que alguns dignitários terceiro-mundistas viajam até Washington, mas não são chamados à Casa Branca e outros veem o sacrifício das longas distâncias compensados com audiência naquela mítica sala.
Em linguagem que o povo fala porque entende, entrar na Casa Branca e ser recebido na sala oval é um privilégio que os Estados Unidos da América reservam apenas àqueles dignitários que contam; que fazem alguma coisa em prol do progresso da humanidade.
Os Estados Unidos não se comovem com o simples cartão de visita. Até porque há dignitários terceiro-mundistas que transformaram os seus países em verdadeiras repúblicas das bananas; países onde a opulência convive paredes-meias com a mais violenta pobreza e miséria.
Nos 38 anos em que permaneceu no poder, de José Eduardo dos Santos quase se pode dizer que conheceu os quatro cantos da Casa Branca.
Em Setembro de 1991, entrou pela primeira vez no salão oval pela mão do conservador George Walker Bush. Quatro anos depois, em 1995, José Eduardo dos Santos voltaria à Casa Branca em Dezembro de 1995. Teve como anfitrião Bill Clinton.
Em Abril de 2004, era Presidente dos Estados Unidos o conservador George Bush-filho, quando as portas do salão oval da Casa Branca voltaram a ser escancaradas para a entrada triunfal de José Eduardo dos Santos.
Dois anos depois do fim da guerra em Angola, aquela audiência culminou a última visita oficial de José Eduardo dos Santos aos Estados Unidos.
Dois anos antes, em Fevereiro, um trio de líderes da África Austral, designadamente, Festus Mogae, presidente do Botswana, Joaquim Chissano, presidente de Moçambique, e José Eduardo dos Santos, foi recebido por George Herbert Bush no salão oval.
Mas, não foram apenas os representantes das autoridades “legitimamente constituídas” – como o MPLA costumava dizer, como se essa apregoada legitimidade adviesse de eleições livres – que tiveram acesso à selectiva sala oval.
Jonas Savimbi esteve lá três vezes. A primeira em Janeiro de 1986, em que foi recebido por Ronald Reagan. Em Julho de 1988, ouviu o mesmo Ronald Reagan e no mesmo salão oval a ordens aos seus homens para fornecerem baterias antiaéreas Springer. “Give the guy the Stringers”, deiam os Stringers ao homem. O falecido “jaguar dos Jagas”, como se auto-intitulava, regressou à sala oval em Outubro de 1991 para ser recebido por George Bush.
Despeitadas, para algumas avis raras angolanas ir a Washington e não ser recebido no salão oval é o mesmo que ir a Luanda e não visitar a cada vez mais degradada ilha de Luanda.
Não aquece e nem arrefece nada!
Mas, a verdade é que – e adaptando um slogan da lavra do próprio MPLA – não chega à sala oval quem quer, mas quem merece.
Desde que chegou ao poder, em 2017, o Presidente João Lourenço já se deslocou por três vezes aos Estados Unidos, sendo duas por razões de trabalho e a terceira em gozo de férias em Orlando.
Em nenhuma das três ocasiões foi honrado com uma audiência na sala oval, o que confirma que aquele espaço está apenas reservado aos angolanos (e pessoas de outras nacionalidades) que contam.
Alguns “transsexuais” não gostam dessa verdade, mas, aparentemente para os Estados Unidos o Presidente João Lourenço ainda não entrou no grupo das pessoas que contam para Washington.
É doloroso, “mais cèst la vérité”.
Agora mesmo por ocasião da cimeira EUA-África, o Presidente Joe Biden privou, na Casa Branca, com os alguns homólogos, entre os quais o “zairense” Félix Tshisekedi e até com o já “inválido” Ali Bongo (ainda), presidente do Gabão. Mas foi mesmo com o antigo futebolista africano George Weah, cujo filho jogou pela selecção norte-americana que participou do recém-terminado mundial de futebol, que o velho Joe Biden pareceu se divertir mais.
O “nosso” Manuel Vicente não chegou a Presidente de Angola; andou por perto. Mas, em visita aos Estados Unidos, o homem não desaproveitou a oportunidade de se fotografar com os Obama, um dos mais badalados casais do mundo.
Não é mesma coisa que ser recebido na sala oval, mas antes isso do que “rochar” em todas as deslocações a Washington…
Obs: Menos de uma semana depois da visita do PR aos EUA, onde, de acordo com alguns ficcionistas, desdobrou-se em reuniões e audiências (incluindo uma ao presidente do Banco Mundial na sede da própria instituição…), que a “curto prazo” se traduzirão “em ganhos económicos para Angola”, António Henrique da Silva, presidente da AIPEX, foi repentinamente defenestrado. É que era suposto que António Henrique estivesse associado ao “estrondo” que foi a visita de JL a Washington.
Não é estranho?
José Eduardo dos Santos e o presidente George Walker Bush. Salão Oval, Setembro de 1991.
José Eduardo dos Santos e Bill Clinton. Salão Oval, Dezembro de 1995
Festus Mogae, presidente do Botswana, Joaquim Chissano, presidente de Moçambique, George Herbert Bush presidente dos EUA, e JES no salão Oval Fevereiro de 2002
José Eduardo dos Santos recebido por George Bush. Abril de 2004.
Jonas Savimbi recebido por Ronald Reagan no salão oval na Casa Branca em Julho de 1988
Jonas Savimbi recebido no Salão Oval por Ronald Reagan, Outubro de 1991.
Manuel Vicente e o casal Obama
Joe Biden com o presidente do “protectorado” da Libéria, o ex-futebolista George Weah
Correio Angolense
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