O MPLA diz que terá aí uns cinco milhões de militantes, acima da sexta parte da população, dando assim a impressão de que a filiação nesse partido será franqueada, tipo «bar aberto» numa «festa de quintal» da Florinda Miranda.
Antigamente, isso não era possível, como se verá adiante, mas, agora, se todo o mundo quiser alinhar no Glorioso, é só dar o sinal. Até que seria bonito.
Numa situação dessas, dispensávamos mbora as eleições e ficávamos como na Coreia do Norte, onde todos são do partido dos trabalhadores do Jang Ho ou quê lá, querendo ou não, o que é mais democrático ainda.
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E com o dinheiro poupado das eleições dava para fazer algumas maravilhas na saúde, na educação ou noutras assistências sociais.
Na verdade, entrar no «Eme» nunca foi tão fácil como agora, sendo que qualquer gajo chega aí numa esquina e diz «eu quero ser do partido» e até os activistas ficam logo atrás do candidato para lhe entregarem o cartão de membro. Parece até que há prémios para os mobilizadores que conseguirem espalhar mais cartões de membro do partido entre o povoléu. Brincadeira.
Mas houve um tempo em que as coisas eram bem diferentes. No início dos anos 80, não se entrava no MPLA à-toa. Ser seu membro não era para quem quisesse, mas só e apenas para quem merecesse. Aliás, houve até gajos que foram enxotados das fileiras do partido. Eu quase passei por essa vergonha.
Era no tempo do famigerado MOVIMENTO DE RECTIFICAÇÃO.
Em 1980, aos 20 anos, estou bué atrasado na décima classe do INE «Garcia Neto». Sou membro da JMPLA integrado no comité de acção da organização no instituto. A «rectificação» também foi exigida ao nível da juventude do partido.
No dia do «julgamento», quem me aparece como chefe da comissão de acompanhamento é o camarada Zito Daniel, um antigo colega meu de turma, na terceira e na quarta classes, na chamada Escola da Micate, ao lado do seu irmão Antoninho, que foi um grande jogador do Petro, ao tempo do Clemente. Na escola, eu era uma espécie de «capataz» da professora Júlia, uma cabrita que me curtia bué.
Como o Zito Daniel era um aluno muito lento, passou por algumas das boas nas minhas mãos, uma vez que eu tinha autorização superior para também aplicar castigos aos prevaricadores.
«Estou lixado da minha vida», disse cá comigo, assim que vi o Zito Daniel altamente «empoderado» naquela delegação da estrutura inquisito-controladora do partido. «O gajo vai querer se vingar», tremi dentro de mim.
E quis mesmo. Ele foi decididamente contra a minha «rectificação» e quase conseguiu que me expulsassem, se não brilhasse na apresentação das «13 teses em minha defesa». O motivo era tão estúpido quanto isso: o Zito Daniel era contra a minha permanência entre os quadros da «Jota» porque eu mamava uns copitos de quando em vez, como milhões de angolanos na flor da vida. Quase passei pela grande vergonha da expulsão das fileiras de um partido.
Curiosamente, apesar de toda a sua entrega ao partido, o Zito Daniel acabaria por falecer praticamente na indigência, abandonado e humilhado por antigos companheiros seus dos primórdios da implantação da «Jota» em Luanda, alguns dos quais integram a lista dos «novos ricos» angolanos.
Um dia desses quase me passei, ao ver o Zito Daniel a trabalhar como empregado de mesa num banquete que estava a ser servido pela também «sua» Maboque. Era mesmo de xinguilar. O Armindo César sabe bem porquê. Eh pá, tenho saudades do «Saidy Mingas».
In «As Kassumunas do Bairro Indígena»
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