Angola: Empresas de pesca conservam o pescado com "formol" - Um produto químico utilizado nas casas mortuárias

A grande parte das empresas angolanas ligadas à pesca conservam os pescados que capturam no alto mar com o "formol", um produto químico utilizado habitualmente para a conservação de cadáveres nas casas mortuárias, apurou a investigação do Imparcial Press no terreno.

Segundo constatou a nossa equipa de reportagem, dezenas de empresas que realizam actividades de pescas no alto mar, após a capturam (sobretudo nos períodos de abundância), aplicam directamente este produto letal - nocivo à saúde humana - nos locais onde armazenam os peixes e mariscos, ao invés de gelo normal como determina as normais internacionais.

De acordo com as informações, essas empresas de pesca aplicam uma quantidade elevada e exagerada - ao seu bel prazer - de formol nos pescados que comercializam a população, colocando assim em perigo à saúde pública. .

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Em regra, a conservação dos pescados pode ser realizada de duas formas: a frio, com o uso de gelo, ou por meio do Em regra, a conservação dos pescados pode ser realizada de duas formas: a frio, com o uso de gelo, ou por meio do congelamento. A primeira opção é o método mais fácil que algumas empresas de pesca sérias usam. Mas algumas empresas tais como: "Pesca do Sul", "Mariscos Rodriguez", "Marnova - Indústria Pesqueira, Lda", "Acquasolo - Sociedade Comercial, Lda.", "Agl - África Gaming, Lda", "Cruzeiro do Sul, Lda.", "Emacop - Empresa Angolana de Comércio Transporte e Pesca, Lda.", "Empesul", "Oceanfish, Lda.", "Pescamar, Lda.", "Pescaria Cimex", "Pescoceano, Lda.", "Sicopal", "Sipromar", "Sociedade Maripesca, Lda.", "Sopesca - Sociedade de Pesca Angolana, Sarl.", "Pestômbwa, S.A.R.L.", "Pesinagri, Lda.", "Rj - Industrial e Comercial, Lda.", "Mampeza Industrial, S.A.R.L.", "Pescaria Santa Marcelina", "Pescaria Tentativa", "Ensalseca", "Fadepa - Fish", "G & O, Lda - Gestora Edipesca", "Jaime da Costa e Silva", etc., além de gelo, adiccionam formol.

Em Angola, este produto [formol] se encontra à venda em grande quantidade em diversos depósitos de medicamentos Em Angola, este produto [formol] se encontra à venda em grande quantidade em diversos depósitos de medicamentos espalhados, sobretudo, em Luanda. Mas, às vezes, este químico letal é comercializado, além das farmácias, pelos próprios funcionários das casas mortuárias dos hospitais públicos.

"Normalmente, essas empresas compram grandes quantidades nos depósitos de medicamentos", revelou um pescador (cujo nome omitimos propositadamente) ouvido pelo Imparcial Press.

"Quanto a nós que utilizamos pequenas embarcações de pesca, compramos nas mãos dos funcionários das casas mortuárias dos hospitais públicos e às vezes nas fármacias", acrescentou.

Quanto custa?

Os preços do formol variam de acordo quantidade (de um a cinco litros). Um outro pescador revelou, a equipa do Imparcial Press, que no mercado informal um fresco de um litro do "formol" chega a custar mais de cinco mil kwanzas. Já nos depósitos de medicamentos, um fresco ou bidão (de cinco litros) pode custar ainda mais barato. Ou seja, os preços rondam entre três a sete mil kwanzas.

O Imparcial Press procurou, através de canais tradicionais, contactar o Ministério das Pescas para o devido contraditório, mas sem sucesso. Da mesma forma, decidimos contactar a Direcção do Gabinete Provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas do Governo Provincial de Luanda, na pessoa do seu responsável Vladimir Catinda, infelizmente não foi possível.

Formol: o que é, para que serve, riscos e sinais de intoxicação

O formol é uma substância química de cheiro forte que pode causar alergias, irritações e intoxicação quando a pessoa entra em contato ou inala concentrações acima das indicadas.

Essa substância é também utilizada em produtos cosméticos, principalmente em produtos para alisar o cabelo e em esmaltes.

Riscos do formol para a saúde

O uso frequente de formol ou o contacto e inalação de grandes quantidades trazem risco à saúde pelo facto do formol ser capaz de provocar alterações genéticas e, assim, interferir em diversos processos do metabolismo celular normal, além de ser capaz de diminuir a função de alguns órgãos.

O contacto ou a inalação do formol podem estar relacionados com diversas complicações para a saúde, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de cancro. Além disso, dependendo de como for o contato com o formol, podem existir outros riscos para a saúde:

• Alterações no trato respiratório, havendo bronquite, pneumonia ou laringite;

• Alterações na pele, podendo resultar em dermatite, formação de úlceras e necrose local;

• Queda de cabelo e queimadura no couro cabeludo;

• Intoxicação, que pode resultar em óbito se a concentração de formol com a qual se teve contato foi muito elevada.

Os riscos do uso de formol são ainda maiores no caso das crianças, pois as alterações genéticas provocadas pelo formol podem acontecer mais facilmente e, por isso, as crianças apresentam maior risco de desenvolver cancro.

Sinais de intoxicação por formol

A exposição frequente ou de grandes concentrações de formol podem provocar irritações e levar ao surgimento de sinais e sintomas de intoxicação, sendo os principais:

• Irritação da pele, que pode ser percebida por meio de vermelhidão, dor, ardor e descamação;

• Irritação dos olhos, havendo lacrimejamento excessivo, conjuntivite e visão embaçada;

Irritação das vias respiratórias, o que pode resultar em edema pulmonar, irritação no nariz;

Diminuição da frequência

respiratória; • Dor de cabeça;

• Queda de cabelo;

Enjoo;

• Diarreia;

• Tosse;

• Aumento do fígado, no caso de contacto prolongade, contacto prolongado.

Porque o formol é perigoso

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o "formol" está relacionado ao aparecimento de tumores no nariz, na boca, na faringe, na laringe e na traqueia. Também pode atacar o fígado. O cancro pode levar anos para aparecer.

Imparcial Press 

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