Todos “djedjejes”? Nem pensar- Graça Campos

Da milenar cultura chinesa aprendemos que a esperteza quando é muita, torna-se grande e devora o dono.

Com o golpe de 581 municípios, por certo que o Presidente João Lourenço tem-se como o mais esperto dos angolanos.

Vai acabar engolido pela sua esperteza.

De pronto, são associados ao golpe da multiplicação dos municípios os seguintes objectivos imediatos:

a) Atirar para as calendas gregas a realização das eleições autárquicas sob o argumento de que devem ser precedidas da criação de infraestruturas, equipamentos, meios rolantes e outros. 

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Em momento oportuno, a ministra das Finanças será accionada para dizer que não há recursos financeiros para tão gigantesca empreitada; 

b) Dar emprego ao exército de desocupados que gravita em torno do MPLA e, com isso, vai alargar a partidarização de todas as estruturas do Estado, já que todos os administradores municipais e seus adjuntos serão nomeados pelo Presidente da República que é, também, o Presidente do MPLA;  

c) Aumentar o déficit orçamental;

d) Persistir na má remuneração do funcionalismo público e com isso incentivando a fuga ou a desistência dos melhores servidores públicos; 

e) Deteriorar persistentemente a qualidade do serviço público;

f) Sujeitar médicos, professores e outros profissionais de primeira linha à indigência;

g) Emprego indiscriminado da violência para reprimir todos e quaisquer surtos grevistas;

h) Recurso  cirúrgico a expatriados, nomeadamente cubanos, para suprirem temporariamente o vazio causado pelas persistentes greves de funcionários angolanos.

Quando em Dezembro de 2021 deu ao Comité Central do MPLA o “tamanho” de um bairro médio, João Lourenço comprometeu-se a dar ocupação profissional à maior parte da sua tropa de choque. Sim, porque muitos indivíduos chegaram ao Comité Central sem antes terem feito qualquer trabalho socialmente útil. 

Mas, criar novas unidades territoriais para dar ocupação à toda a corja de bajuladores e inúteis é uma daquelas esperteza que vai acabar por engolir o esperto.

É certo que o país tem alguns homens dispostos a engolir sapos; é certo que o país têm algumas pessoas que devem a sua ascensão política e social a João Lourenço. É verdade que há no país uns poucos que acreditam que o Presidente da República é um homem com uma extraordinária visão do país.

É comumente atribuída a Abraham Lincoln (segundo o Wikipédia a pronúncia do nome em inglês é  Ibrəhæm ˈLiŋkən), o 16º Presidente dos Estados Unidos da América Na foto), a adaptação da frase segundo a qual “Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo.”

Alertem o homem que nem todos somos “djedjejes”...

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