LIVRO SOBRE O GENERAL JOSÉ MANUEL DE SOUSA: Um projecto arrebatado pela sua morte prematura-Jaime Azulay



       Em Agosto de 2021, um súbito telefonema atirou por terra um projecto que estava a ser concretizado ao longo de três anos. Após incontáveis pedidos e conversas, o general Sousa aceitara finalmente conceder-me as entrevistas para publicarmos o livro sobre a sua brilhante carreira militar. Assim, começamos a trabalhar, muito limitados pela falta de disponibilidade por parte dele e, também condicionados pela minha residência em Benguela. Mesmo assim, o trabalho ia avançando e todos estávamos engajados e satisfeitos. Mas veio a morte traiçoeira e arrebatou da vida este grande general das Forças Armadas Angolanas.

       Partiu assim, um grande amigo e companheiro de provas dadas nas horas mais difíceis. Em 1999, no Chiumbo, próximo de Vila Nova, arriscou a sua própria vida e as de alguns dos seus tropas, para permitir-me fazer a reportagem mais importante da minha vida, que foi o registo das imagens dos corpos dos tripulantes e os destroços do Hércules C-130 ao serviço da ONU e abatido após levantar do aeroporto Albano Machado com destino à Lunda, na semana de Natal de 1998. Praticamente todas as televisões do mundo passaram a minha reportagem e fez-se luz sobre um mistério que ensombrou Angola naquele terrível final de ano que eu retratei numa reportagem com o título:” O Drama da Família Wilkinson”. 




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       Os dois cargueiros Hércules abatidos, no espaço de uma semana, eram tripulados por pai e filho. O filho estava na África do Sul e após o desaparecimento do avião tripulado pelo pai, ofereceu-se como voluntário para participar na missão de busca e salvamento, pois, também era piloto. Voava tão baixo para tentar avistar os destroços do avião do pai que a sua aeronave acabou igualmente por ser derrubada. Ficou assim consumada a tragédia da família Wilkinson na terra sofrida de Angola.

       A morte do Sousa marcou-me profundamente. Ele nunca me disse que padecia de alguma enfermidade e, aparentemente, gozava de boa saúde. Eu era mais velho que ele, mas lidávamos como irmãos. Assim perdi toda a vontade de continuar a escrever e o material foi parar para uma gaveta e por lá ficou por ano e tal.

        Hoje de manhã, ao dar uma olhada pela tralha de livros e papéis, apareceu-me o projecto da capa que ele tinha aprovado. Surgiu, assim, a ideia de publicar este pequeno “post” de homenagem ao comandante e amigo José Manuel de Sousa, recordando a sua incrível trajectória como militar, que granjeou o respeito da instituição e da sociedade angolana. Sem dúvidas, o general Sousa foi um dos obreiros da paz. Dedico-lhe um singelo escrito de Pedro Bial  sobre a morte:


       (…) Morrer é um chiste. Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas(…).




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