Lições da Namíbia- Sousa Jamba



O bilhete mais barato para Luanda tinha uma escala prolongada na Namíbia — precisamente no Aeroporto Internacional Hosea Kutako. Imaginei seis horas sem acesso à internet em condições que favorecem pensamentos misantrópicos — pensar mal de todos os seres humanos.


Devo confessar que estava completamente errado. O Aeroporto Internacional Hosea Kutako é pequeno, muito mais pequeno comparado ao Aeroporto Internacional de Ndola, a segunda maior cidade da Zâmbia, que tem um aeroporto internacional de invejar.


 A sala de trânsito do Aeroporto Hosea Kutako, porém, reflecte uma eficiência impressionante. Há quem pode dizer que isso é algo que os namibianos herdaram dos alemães. Eu penso que isso acontece porque a indústria turística na Namíbia é levada muito a sério. Sim, a Namíbia tem uma economia altamente diversificada com o sector mineiro, industrial e agrícola contribuindo maioritariamente para o Produto Interno Bruto (PIB). O turismo tem também um contributo significativo na economia namibiana.




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 Na sala de trânsito o Aeroporto Hosea Kutako há um bar animado vendendo todas as bebidas que alguém encontraria na Alemanha. A Alemanha, país que colonizou a Namíbia de 1884 a 1918, é o país europeu que mais manda turistas para a Namíbia. O bar no Aeroporto Internacional Hosea Kutako estava cheio de alemães. Todos eles estavam vestidos de calças, camisas e até capacetes para Safari. Os alemães transbordavam de alegria. Os mais jovens estavam colados aos seus celulares, havia uma internet grátis muito rápida; uns estavam a ter conversas através dos vídeos dos seus celulares com amigos em várias partes do mundo.


 Existe no Aeroporto Internacional Hosea Kutako um restaurante que serve pratos que os alemães adoram — carne de vaca ou porco. Tudo no Aeroporto Internacional Hosea Kutako revela que alguém pensou muito bem sobre o turista típico que passa por lá. Sim, o turista quer ir para um terra exótica e apreciar o bom calor enquanto na Europa muitos agora vão entrar numa forçada hibernação.  Mas o turista há vezes que quer coisas a que ele está habituado — depois de um dia ver animais e dando passeios nas florestas, alguém  gostaria de voltar para o retiro (onde dorme numa suíte feita como se fosse uma cabana africana).


 Passei um bom tempo com um casal alemão que estava a caminha da África do Sul mas pretendia regressar para a Namíbia e depois ir de carro até ao Namibe, em Angola. O Hanz e a sua esposa estavam nos seus sessenta anos mas muito em forma; eles me disseram que tinham estado no Botswana e lamentaram o facto de não poderem nadar nos lagos, porque havia lá muitos crocodilos.


 O Hanz disse-me que não podia com a Europa do momento, porque os custos para manter a casa quente fora de Berlim eram elevadíssimos, já que ele tinha herdado uma espécie de palácio. Eu sugeri que usassem  lenha para manter a grande casa quente; ele disse que mesmo a lenha estava cara. A solução era vir para a Namíbia e regressar à Alemanha no Verão.


 O casal disse que eles frequentavam vários retiros na África Austral. Claro que todo este tempo o esposo — que era um buchhalter (contabilista), continuava a trabalhar. Praticamente havia uma comunidade permanente de turistas alemães na Namíbia, que até existe uma igreja com pastores ambulantes só para eles. O Hanz disse-me que existe uma indústria na Namíbia de caçadores que pagam até 120 mil dólares americanos para poderem abater um elefante e depois levar os seus dentes para casa como troféu. Aparentemente isto é encorajado pelo Governo namibiano, que insiste que isso ajuda na conservação dos elefantes. O Hanz disse-me que depois de abater o elefante, muitos caçadores ficavam com uma crise de consciência tão profunda que tentavam abater-se a eles próprios. Existe aparentemente uma igreja que ajuda os caçadores arrependidos.


 O Hanz disse-me também que há casos de divórcios de alemães com uma certa idade que frequentam discotecas na Namíbia onde se envolvem com jovens em romances de férias ou de Safari. O Hanz disse-me que há jovens que até aprendem a falar perfeitamente alemão para melhor engatar velhotes alemães.


 Em todo o caso, vê-se que as autoridades namibianas fazem tudo para que os turistas se sintam em casa. A primeira vez que fui para a Alemanha o que mais me impressionou foram as casas de banho públicas, que estavam sempre limpíssimas; é o caso no Aeroporto Internacional Hosea Kutaho. A Air Éthiopie e outras linhas aéreas vão trazendo turistas alemães à Namíbia. As máquinas de cartão de crédito estão bem à sua espera; curiosamente, o custo das coisas para os turistas não é elevado!



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