O Movimento 23 de Março (M23) não vai cessar hostilidades e abandonar as áreas que ocupa na província do Kivu do Norte, no leste da República Democrática do Congo (RDC), contrariando o que ficou acordado em Luanda.
Segundo Willy Ngoma, porta-voz militar do M23, uma vez que o Movimento não esteve representado na cimeira na capital angolana, o cessar-fogo anunciado pelo Presidente angolano, João Lourenço, na qualidade de mediador da União Africana (UA), não lhe diz respeito.
“Somos um partido muito bem estruturado, com todos os canais oficiais através dos quais podemos ser contactados para discussões. Temos um Presidente, um vice-presidente e um secretário-executivo. Fomos informados das ditas resoluções pelas redes sociais, portanto não tem nada a ver com o nosso partido”, sublinhou.
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A mini-cimeira de Luanda, onde esteve presente o Presidente congolês, Félix Tshisekedi, e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Ruanda, Vincent Biruta, decidiu, na quarta-feira (23.11), pela cessação das hostilidades no leste da RDC e a retirada dos rebeldes do M23 de todas as áreas que conquistaram nos últimos meses.
Ultimato termina hoje
Ao M23 foi feito um ultimato de 48 horas que termina às 18h desta sexta-feira (25.11). Em caso de incumprimento, e de novos ataques às forças armadas congolesas (FARDC) e à missão da ONU no país (MONUSCO ), uma força regional da África Oriental intervirá no terreno.
Em declarações à DW, o analista congolês Michaël Kamana afirma que o governo da RDC deve escolher se quer negociar ou continuar com os combates.
“O governo deve aceitar negociar. Caso contrário, terá de utilizar a força, confiando nas suas forças armadas (FARDC) e nos seus aliados. Agora, não se pode querer negociar e usar a força ao mesmo tempo”, lembra.
Solução militar “não resolve o problema”
Félix Ndahinda, investigador ruandês, acredita também que a solução militar não vai resolver o problema. “Eles sabem muito bem que a ONU tentou durante mais de 20 anos, mas não conseguiu. E contava, em média, com uma força de quase 20 mil soldados. Portanto, é uma tarefa difícil, que exigiria muito, e não traria uma solução a curto prazo”, argumenta.
Esta quinta-feira, o M23 voltou a garantir estar disponível para dialogar diretamente com o governo congolês. No entanto, Kinshasa recusa-se a negociar, enquanto os rebeldes, que consideram um “movimento terrorista” ocuparem parte do seu território.
Entretanto, à região em conflito começam a chegar forças regionais. Depois do envio das tropas quenianas, o Uganda anunciou que enviará cerca de mil soldados para o país vizinho até ao final deste mês. Devem seguir-se contingentes do Burundi e Sudão do Sul.
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