SONHAVA SER JORNALISTA E A FRAGILIDADE DO SISTEMA DE SAÚDE O MATOU- Fernando Guelengue



Armando António Henriques foi um jovem que viveu apenas 21 anos neste país. Nasceu no Sambizanga, mas é em Cacuaco onde terminou os seus últimos dias. 


Foi cristão baptizado numa das igrejas do nosso país, mas a sua vida começa apenas a complicar desde o dia 26 de Junho deste ano, altura em que sentiu fortes dores de cabeça que culminou em Paludismo, a doença que nos é eternamente diagnosticada nas comunidades de Angola. Até há quem guarde já a sua receita anterior porque acredita que deve ter mais paludismo.


Esse não era o caso do Armando. Pois, no dia 4 de Julho, o jovem estudante do 4º ano do Curso de Comunicação Social, na especialidade de Jornalismo Comunitário, do Instituto Médio de Educadores Sociais e Comunicação Social – ICRA, no Largo das Escolas, em Luanda, decidiu ir ao exame e aconteceu o inesperado: ele caiu na escola.




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Felizmente, a direcção da escola levou-o de imediato para o Hospital Militar, onde foi diagnosticado AVC, vulgo trombose. Recuperou, recebeu alta e foram para casa. Quando tentaram regressar para lá, depois de algumas dificuldades respiratórias e inflamação nas pernas, foram rejeitados o tratamento no mesmo hospital porque receberam a informação de que apenas tratavam militares e o Armando Henriques era um simples cidadão e estudante que sonhava ser um jornalista. 


Informaram que tinham de ir para um hospital público. Aí a esperança começou a reduzir. Foram voltas e voltas no Américo Boavida, no Maria Pia, na Divina e todo o sistema junto não salvou o Armando.


Foi estagiário do Marimba Selutu – Portal de Notícias Culturais de Angola e tinha sido seleccionado para fazer parte dos efectivos da redacção, mas a doença impediu de regressar como jornalista do Marimba Selutu. 


O sistema de saúde, as condições sociais e o mau atendimento neste país são assassinos e matam os seus filhos, aqueles que nasceram para a construção de uma nação. Essa toda negligência já matou e continua a matar muitos angolanos.


E hoje, dia 26 de Setembro, vamos enterrar no Cemitério da Mulemba, vulgo 14, o nosso querido irmão e compatriota Armando António Henriques. 


Vá com Deus, Armando! Esse é o País que nos deram...


Com RESILIÊNCIA&FÉ.




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