«O presidente é um burro. Por isso é que até fugiu do debate eleitoral com o ACJ!», disparou alguém, no calor duma dessas estéreis discutições de lanchonete, entre esses jovens lúmpenos revoltados legitimamente contra a precariedade da vida que lhes é oferecida pelo país, por alegada má governação do Glorioso. Contudo, o engraçado é que à boa parte deles, mesmo sem trabalhar, quase nunca falta dinheiro para rodadas e mais rodadas, dando a desconfiar que pode ser malta do cangaço dos telelés e doutras roubalheiras, não se sabe.
Como sempre fui decididamente contra tal corrente de pensamento, que conta com um bom número de adeptos, verdade seja dita, intrometi-me na conversa, mesmo sabendo que corria o risco de ser hostilizado pela minha assanhadice, até porque não conhecia os participantes do debate, embora fosse amigo da dona do recinto, ali à rua de Gaia, nas proximidades da Casa da Cultura do Rangel.
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Por sorte, os meus receios não se concretizaram. Pelo contrário, fui até convidado a expor os meus argumentos. A tese, no âmbito da rápida palestra sobre sabedorias, burrices e espertezas que me foi permitido apresentar assim da pimpa, até e simples: «Alguém que sai do nada, entra para o governo aos vinte e tal anos, ganha terreno no partido, nas forças armadas, onde chega a general, e no executivo central, no qual atinge o posto de ministro da defesa, antes de se tornar o presidente da república pela própria mão de quem o forçara grosseiramente a uma dolorosa travessia no deserto, acabando por sobreviver a um dificílimo desafio eleitoral, que lhe permitiu iniciar um segundo mandato, enfim, pois, como ia dizendo, esse alguém não pode ser burro, venhamos e convenhamos. Tão simples quanto isso».
«Burro sou eu!», fiz questão de sublinhar, como entrada para a segunda parte da palestra. E passei a explicar: «Alguém que se julga um ser superior, por tirar vintes ou assim na escola, incluindo à Matemática, da qual era indubitavelmente o rei, com potencial para chegar à Nasa se o país não fosse dominado por iluminados sem-noção, que mesmo em condições subumanas ainda protagonizou na universidade feitos inatingíveis por mortais normais, enfim, pois, como ia dizendo, se alguém com essa sapiência toda não teve no entanto esperteza suficiente para se tornar um desses nossos gatunos da elite, cheios de dinheiro, acabando vergonhosamente na pobreza, ainda por cima cego, com uma humilhante pensão de reforma de 200 paus, só pode ser um granda burro, aqui sim, venhamos e convenhamos. Tão simples quanto isso».
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