COMO JES SENTIU-SE DESGASTADO PELOS EXCESSOS DAS FORÇAS DE SEGURANÇA (O negócio de dar caça aos revús)



Nos seus últimos anos  em  Barcelona, o antigo Presidente José Eduardo dos Santos, foi fazendo desabafos  revelando que o evento que o terá  despertado  para abandonar  o poder foi a prisão de  16 jovens que ficaram conhecidos por “15 + 2” cujo impacto da detenção  desgastou fortemente  a sua imagem. Para  JES, a prisão destes jovens terá sido uma operação de acção  psicológica  protagonizada pelas  forças  de  segurança para o enfraquecer e acelerar  a  sua saída, três anos depois. JES, conforme foi lembrando teve de  intervir  pessoalmente na libertação dos jovens depois de  alertas/pressão  de familiares e de uma   recomendação  de dois deputados do MPLA, João  Pinto e Jú Martins, que o terão aconselhado a “inventar” uma “amistia” para soltura dos “15+2”. 


O ex-Presidente  morreu convencido que foram as forças  de  defesa e segurança do seu próprio regime que  deram cabo da sua imagem, com os seus excessos de detenções e repressão. 


 Não obstante a esta percepção com que JES, ficou há elemento indicando que desde que surgiu o fenômeno “manifestação dos revus”, em Março de 2011, as forças de defesa e segurança (SIC e SINSE) foram tomando partido deste situação, para dividendos financeiros  as vezes fora do controlo da sua alta hierarquia.   




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Em 2013, quando o antigo DG do SINSE, Sebastião Martins foi exonerado na sequencia das execuções de Alves Kamulingue e Isaías Cassule, ficou-se a perceber que nem sempre os altos responsáveis tem  o controlo de operações desenvolvidas nas bases. Nesta altura circulou mensagens nas redes sociais atribuídas a operativos denunciando  um esquema de faturacção para com as  manifestações.  Eram as próprias forças de defesa e segurança  que por detrás patrocinavam manifestações para depois lhes serem disponibilizados verbas extras que alegavam empregar em operação para travas as alegadas ameaças a instabilidade que os próprios inventavam.  


No decorrer do julgamento dois citados ativistas (Cassule e Kamulingue), surgiu a revelação  em tribunal de que o réu  Benilson Pereira Bravo da Silva, era funcionário do SINSE e estava colocado no seio dos “revus” como manifestante, por isso que conseguiu telefonar  para Isaías Cassule atriundo-o para a zona do  tanque do Cazenga, onde seria capturado por  Júnior Mauricio “Cheu”,  que o ativista num rio habitado por jacarés.


O jovem  activista  Nito Alves, revelou na altura  que era o agente  Benilson da Silva, que  nas vestes de “revu”,  mandava fazer as camisolas e o material de propaganda que usavam para as manifestações anti-regime. Em outras palavras, eram estruturas do   SINSE que patrocinavam  as manifestações contra o Presidente José Eduardo dos Santos. Propositadamente ou não, mas as mesmas alcançaram dois objetivos. Desgastaram  a imagem do então Presidente e os seus promotores tiveram  dividendos orçamentais.


Durante a campanha eleitoral de 2022,  surgiram denuncias de que eram os próprios agentes do SINSE e SIC que andaram a partilhar  nas redes sociais panflectos de terror insinuando que a UNITA iria realizar instabilidade no país para atentar contra a paz. Entre  finais de 2021 até meados do presente ano, era o chefe da Casa Militar do PR, Francisco Furtado, que também fazia uso de linguagem a  simular  instabilidade mas neste caso, o proposito parecia mais para ganhos  políticos, e de vantagens para o MPLA. 


O antigo Presidente JES já morreu e Sebastiao Martins já não faz parte do Estado. Mas os  seus funcionários continuam no SINSE e SIC. Não há informações de que os operativos destas estruturas  tenham  sido “desformatados” para se liberarem desta cultura  de fabricar instabilidade para proveito financeiro. 


A semelhança do que ocorre na África do Sul,  tanto o SINSE como o SIC, deveriam ter uma estrutura dedicada a investigar  e a fazer reconstituição de todas as operações para que os seus agentes não marginalizem o Estado.  Na África do Sul,   esta estrutura chama-se Inspeção Geral de Inteligência. A linha h) do ponto  artigo 7, dos estatutos do SINSE, indica a presença de uma estrutura de nome “Direção de Inspeção e Segurança Orgânica” que faz parte dos órgãos de apoio técnico operativo.  A Inspeção Geral de Inteligência (IGI), da África do Sul é diferente e com maior autonomia.  É dirigida por um profissional com conhecimento de segurança, e nomeado pelo Presidente da República, por meio de um concurso público  promovido pela comissão de defesa e segurança do parlamento.  


A relação da  Inspeção de inteligência e um Serviço de segurança deve ser semelhante ao do Papa e a Santa Aliança (Serviços de informação do Vaticano), como bem escreveu Eric Fratinni,  “no céu, o Papa tem Deus, na terra, o Papa só tem a ele mesmo e, na clandestinidade, o Papa tem a Santa Aliança”.  Na clandestinidade o  SINSE e o SIC  devem ter a Inspecção.  


A situação que se presencia no SINSE/SIC, nos últimos 10 anos que surgiram o fenômeno “manifestação anti governo” dos “revus”, é semelhante ao que aconteceu quando nos últimos anos a KGB, travou combate contra o terrorismo na Rússia, e que descaracterizou esta organização.  O combate ao terrorismo na Rússia  tornou-se num negócio, ou fonte de enriquecimento pessoal,  porque até um chefe de secção geria orçamento próprio e com isso “inventava” atentados para  justificar gastos  para travar tais operações contra os Chechenos, que eram os alvos.  Alexander Livtinenko, conta  tudo isso no seu livro “Terro na Rússia: Revelações de um ex- espião  do KGB”. O autor explica que  antigos  oficiais da KGB, depois fazerem de se enriquecerem com este estes esquemas, exilaram-se na Inglaterra, e hoje apresentam-se como  magnatas russos ou empresários comprando clube de futebol. 


Portanto, para um período de paz social,  a  não reforma do SINSE/SIC, ou não reconstituição psicológica dos operativos destas duas instituições,  se não for estudada ou apreciada, pode prejudicar o país, como também, não fica garantido que a repetição do desgaste que JES, concluiu ter sido o motivo do seu declínio. Vitima dos excessos destas forças. JES teve os “15+2”, e as execuções do caso Kalupeteka, que o desgastaram e  em pouco tempo JL, tem  a dupla “Luter e Tanice” na cadeia e os assassinatos  em Cafunfo.


JOSÉ GAMA




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