Hoje vou falar especialmente da «Placa dos Traiçoeiros», em jeito de visita guiada, para pagar uma dívida que tinha com os amigos e simpatizantes desta coluna, desde os seus primórdios. Os da oposição também podem embarcar sem problemas.
Ora, a «Placa dos Traiçoeiros» é uma velha mutamba ou parada na parte de cima da minha rua, que passei a frequentar alguns meses depois de lá ter ido morar, em Março de 2015, finalmente em casa própria, apenas conseguida aos 55 anos, tanto por bloqueamento, dum lado, como por distração, doutro.
Sendo o único sítio fora do chalé onde consigo chegar sem a ajuda de terceiros, é lá que procuro habitualmente e em primeiro lugar sair do isolamento a que sou forçado por conta da minha actual condição de invisual, buscar alguma diversão e colocar o noticiário e a fofoca em dia, o que ajuda muito quando chega a hora do burilamento das histórias com as quais sustento este espaço e dou vida à minha página na rede social facebook, que quase parece um jornal generalista online, modéstia à parte.
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No início, era recebido com alguma animosidade, por incitação de certos gajos que se achavam donos do pedaço, entre os então novos vizinhos e seus amigos da periferia, sob a acusação de que eu só começara a me misturar com os povos da rua depois que fiquei encalhado pela cegueira, porque, antes disso, passava por eles todo inchado, sem lhes mandar pelo menos um «vai à merda», tipo um «tubarão não toma café com carapau». Em relação ao distanciamento, havia um quê de verdade, não em face dos motivos apontados pelos mizangalas, mas sim por timidez minha.
Um dos moços, assanhado, chegou a insinuar que eu poderia ser um «pc» da bófia ali destacado para controlar as conversas dos mizangalas que frequentam a mutamba, uns mais, outros menos. «Só tem medo da bófia quem é bandido. Há aqui algum terrorista?», retorqui, na galhofa, mas que deu para matar a intriga logo ali. Até hoje.
Materialmente, a «Placa dos Traiçoeiros», em bom rigor, é quase «nada», o que contrasta com a grande fama que consegui que ela viesse a ter em certos círculos, sobretudo ligados às redes sociais, podendo-se falar também duma espécie de dimensão incorpórea ou espiritual dessa «instituição», mas que é conversa para outra ocasião.
É o espaço de uns sete por quatro metros da via pública (passeio e parte da estrada) na frontaria da casa da velha Domingas do Luís, uma cuanza-nortenha de 89 anos, que, tal como praticamente todos os angolanos, pensa sem razão que é sua propriedade, ao ponto de determinar quem pode ou não lá estacionar. Em todo o lado, tem havido bilos por causa dessa convicção errada.
Antes, havia uma tenda e tudo, que foi à vida, na sequência dum incêndio do quarto da frente do chalé, ocorrido há dois anos e meio. O achado do Lídio Ferreira, que à época surgia muitas vezes para lá curtir comigo, mandou bué de bocas de que haveria de patrocinar uma tenda nova, mas parece que era só para impressionar A umas miúdas, já que até hoje nada que se viu. Está tudo nu. Quando chove, o pessoal é forçado a dar o lengueno. E tem dia que o problema é com o sol.
Quem manda no negócio das birinaites e gasosas é a Galiana, uma latona trintona, estilo cabiri, neta da dona da casa, que já se disse ser filha do saudoso Vitó Mulato, o melhor amigo que tive na vida, sendo que a mujimbaria sabula que, porém, a própria mãe da rapariga, a Catarina, uma vendedeira que trabalha como escrava, descartará tal possibilidade, dizendo que apenas o seu primeiro rebento, entretanto falecido, é que era moná do meu avilão.
Até aos primórdios do ano passado, a «Placa dos Traiçoeiros» enfrentou durante muito tempo a concorrência da vizinha barraca do Pai Joca, que tinha como chamariz uma bem-falada sarrabulhada de porco, que fazia a delícia da maralha da rua.
O Pai Joca é um policial meu amigo e contemporâneo que dizem ter feitiço de viver alegremente com várias mulheres na mesma casa, tudo numa boa, como por acaso ainda testemunhei, antes dele paiar o cubico, para ir dar o seu show noutra freguesia. Algumas moças do bairro evitavam passar ao lado dele, com medo de caírem em algum wembo seu, para reforço do harém, nunca se sabia.
O comandante Tchiriicuata (documentado na foto), velho amigo meu, é uma das «figuras públicas» com quem já tive a honra e o prazer de privar na «Placa dos Traçoeiros». Outras virão, depois do intervalo. Caté! Ponto.
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