Aos 80 anos de idade, o embaixador Ismael Gaspar Martins acaba de regressar ao Banco Nacional de Angola para dirigir o seu Comité de Remunerações.
O regresso do octogenário diplomata foi anunciado pelo próprio BNA através do seu site.
Ismael Martins junta à direcção do Comité de Remunerações do Banco Nacional de Angola as funções de administrador não executivo do Fundo Soberano de Angola, cargo para o qual foi nomeado em 2018, e as de presidente da Mesa da Assembleia Geral do Banco de Poupança e Crédito (BPC).
Por causa de alegados riscos que a função envolve, os administradores do Fundo Soberano são regiamente remunerados.
Nos termos da nova Lei do Banco Nacional de Angola, o Comité de Remunerações aprova e acompanha a aplicação do estatuto remuneratório dos órgãos sociais da instituição.
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É composto por um membro indicado pelo Titular do Poder Executivo, que o preside, um ex-governador do Banco Nacional de Angola indicado pelo seu Conselho de Administração, e um terceiro membro, indicado pelos dois primeiros.
São órgãos sociais do BNA a Assembleia Geral, Conselho Fiscal e o Conselho de Administração.
O embaixador Ismael Martins Gaspar dirige o Comité de Remunerações do BNA por indicação do Titular do Poder Executivo, João Lourenço, o mesmo que o nomeou como administrador não executivo do Fundo Soberano e com cuja anuência preside à mesa da assembleia geral do Banco de Poupança e Crédito (BPC).
Os restantes membros do Comité de Remunerações do BNA são António da Silva Inácio, um antigo vice-governador do BNA, e Paulo Alexandre Pereira Sotto Mayor Pizarro, vice-presidente da SINOPEC Angola.
Na lei que cria o cria não está claro quem define as remunerações dos membros do Comité.
No seu portfólio de Ismael Gaspar Martins constam o exercício de variadas funções públicas, nomeadamente, governador do Banco Nacional de Angola, ministro das Finanças, ministro do Comércio Externo, director executivo do Banco Africano de Desenvolvimento e embaixador de Angola nas Nações Unidas.
Na segunda-feira, ao comemorar a vitória do MPLA nas eleições, João Lourenço disse que “ouvimos e interpretámos correctamente os anseios do povo e da juventude” e que é chegado “o momento de abrir as portas das oportunidades aos nossos jovens, de restaurar a prosperidade e de promover a paz” e que a vitória do MPLA”. Além disso, a vitória do MPLA “significa, para Angola e para os angolanos, um Executivo que assume que não tem medo de romper com os poderes instalados e de fazer as mudanças necessárias”. Disse, ainda, que os angolanos teriam votado num “programa focado na diversificação da economia e na criação de emprego (…)”.
Não se sabe se a aposta nas mesmas pessoas atende aos desafios enumerados pelo Presidente.
Em África, a acumulação, em oposição à partilha, do poder tem sido fonte de muitos conflitos.
A verdade é que a acumulação de funções na pessoa de Ismael Gaspar Martins remete à célebre música de Zeca Afonso:
“Eles comem tudo, eles comem tudo Eles comem tudo e não deixam nada Eles comem tudo, eles comem tudo Eles comem tudo e não deixam nada”.
Correio Angolense
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