Eleições: CNE avisa que campanha “votou, sentou” lançada pela UNITA potencia atritos



O presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola, Manuel Pereira da Silva, avisou hoje (21), em entrevista, que a campanha “votou, sentou” promovida pela UNITA, maior partido da oposição, potencia problemas no dia da votação e não será tolerada.


À semelhança do que já sucedeu noutros países africanos, que exige transparência no processo eleitoral e que sejam publicados os resultados, a campanha “votou, sentou” insta os eleitores a ficarem perto das assembleias de voto para controlar a contagem e fotografar os resultados afixados.

“A campanha ‘votou, sentou’ é […] ilegal e imoral, violadora dos princípios democráticos e com um forte potencial de geração de atritos. Deve ser desencorajada por todos os agentes eleitorais”, disse hoje à Lusa, em declaração por escrita, o presidente da CNE.

Ainda no sábado, o número dois da lista da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) apelou aos apoiantes num comício no Caxito, região a norte de Luanda, para que vigiem a contagem.

Na quarta-feira, “depois de votar, é ‘votou sentou’”, gritou Abel Chivukuvuku, acrescentando, em tom de desafio: “Não sentem na assembleia. Fiquem a 80 metros ou cem metros e sentam para, desta vez, não poderem roubar o nosso voto. Eles afixam os resultados e todos tiram fotografia com o telemóvel”.



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No entanto, o presidente da CNE acredita que os angolanos irão cumprir a lei que proíbe ajuntamentos perto das assembleias de voto.

“Ninguém se sentará depois de exercer o seu direito de voto” e os “angolanos, tal como fizeram durante esta campanha, mostrarão o seu sentido cívico”, disse Pereira da Silva.

As suspeitas da oposição apontam a possibilidade de as urnas serem enchidas com boletins de mortos ou abstencionistas, manipulação informática dos dados recolhidos das mesas ou a pouca transparência na contagem.

Sobre as queixas à multinacional espanhola Indra, acusada de manipular resultados pelo principal partido da oposição, Pereira da Silva foi curto da resposta: “Não cabe à Comissão Nacional Eleitoral defender a honra de qualquer prestador de serviços” e “muito menos comentar suspeitas sobre quem quer que seja”.

Sobre a falta de auditoria do Ficheiro Informático de Cidadãos Maiores – que serve de base ao caderno eleitoral -, para retirar os mortos, emigrantes e ausentes da zonas de residência, Pereira da Silva respondeu que “todos os preceitos legais e regulamentares foram escrupulosamente respeitados”.

Mas, “haverá sempre, entre o momento do fecho dos cadernos eleitorais e o dia das eleições muitos cidadãos que irão a óbito sem possibilidade objetiva de serem expurgados do ficheiro”, disse, referindo-se a uma lista que conta com mais de 14 milhões de nomes, dos quais analistas indicam que pelo menos dois milhões são inexistentes.

Sobre o acesso dos delegados aos boletins, o dirigente prometeu que serão entregues cópias das atas, como define a lei, mas não respondeu sobre a possibilidade de contagem verificada por terceiros.

O dirigente elogiou o “civismo que o povo angolano demonstrou durante toda esta campanha”, apesar de alguns “alarmismos” criados por “certa imprensa”, mas “nada em Angola se passou que não fosse correto e que fosse para além do calor habitual das campanhas”.

A CNE contou com “mais de 200 mil colaboradores que permitiram levar por diante este processo eleitoral e que vai culminar com um dia de votação livre e participado”, considerou, acrescentando: “os angolanos vão aderir à chamada eleitoral e vão mostrar, depois de anunciados os resultados, que somos uma democracia em plena consolidação”.

No país, “já se encontra um número considerável de observadores nacionais e internacionais de várias organizações, bem como personalidades de reconhecido mérito, experiência e prestígio internacional, para ver em primeira mão como está a ser organizado, executado, coordenado e conduzido o processo eleitoral”.



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