ATÉ AO NOSSO REENCONTRO MEU MANO- RAMIRO ALEIXO



O jornalista Gustavo Costa deixou este mundo. Meu irmão, meu amigo, meu camarada. Muito jovens, iniciados no Jornal de Angola e durante décadas, as vezes 24/24 horas, partilhamos não só a mesma redacção, mas também as mesmas famílias, a mesma comida, os mesmos finos, os mesmos prazeres e desprazeres da vida. E como disse já, até para ir a casa de banho, fazíamos fila. Fomos um quarteto (o Victor Aleixo, eu, tu e o Victor Silva) de jovens que impôs a sua marca no jornalismo. E nem mesmo a intervenção daqueles que chegaram e se apoderaram de Angola, na tentativa vã de separar-nos distribuindo-nos por diferentes órgãos, conseguiu vergar-nos.




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Sinto, meu mano, que com a tua partida, morreu também uma parte de mim, desse passado que nos fez homens e de que nos orgulhamos. Prometo que não vou chorar, porque apesar da tristeza que me invade, acho que mereces aplausos e não lágrimas, pois não foste um homem vulgar. Vou sim, aplaudir-te, porque entre os muitos que felizmente somos, antigos e da nova vaga, sem envergar camisolas, títulos ou correr atrás da abastança, fizeste também a diferença nesse teu percurso. E como tenho feito e continuarei até que também parta, bater-me-ei contra essa formatação de modelo geracional que nos tem como os maus, os desprezíveis, porque fiéis à nossa consciência e princípios, não nos vergamos à imposição da ideologia ´do novo homem bom´, que quando pensamos seria enterrada, eis que, foi ressuscitada e tida como remédio ´santo´ para todas as mazelas de quase cinco décadas, onde a mediocridade é premiada.


Pertencemos à uma geração discriminada, enclausurada que não teve oportunidade para expressar na sua plenitude a sua capacidade de contribuir em prol daquela Angola justa, por que ansiamos no berço dos nossos progenitores. E, infelizmente, todos os dias assistimos a partida de um de nós. Hoje tu, amanhã outro de nós, ou, provavelmente, eu. É triste sim, mas incontornável. Inconsólável meu mano, morrermos sabendo que, o nosso sonho, os nossos ideais estão ainda muito longe de ser alcançados. Enfim... 


O meu abraço, até ao reencontro Gustavo meu mano.




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