“SO NÃO VE QUEM NÃO QUER”



Nas democracias avançadas quando uma entidade faz um pronunciamento que não engaja o governo ou que tenha feito com imprecisão, o gabinete de relações publicas, reage para retificar ou dar melhor entendimento no que foi dito.  Assim como aconteceu há poucos dias na África do Sul, quando um porta-voz do governo fez sair um comunicado a retificar os pronunciamentos do ministro da Justiça, Ronald  Lamola,  sobre a extradição do  antigo ministro moçambicano  Manuel Chang, para os EUA. 


No dia em que iniciou  a campanha eleitoral em Angola, o  líder do MPLA, João Lourenço, fez um discurso (dia 23)  afirmando que estão a ser criados muitos postos de trabalho em Luanda e que no seu ponto de vista  “só não vê quem não quer”,  um slogan muito usado no tempo do seu antecessor, quando se dizia o país estava a crescer/desenvolver. 




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No dia 27, JL recebeu o novo embaixador americano, que no  final da audiência falou de alguns avanços em Angola e no final ressuscitou o slogan do regime  “só não vê quem não quer”. No dia seguinte a embaixada norte americana fez sair um comunicado  intitulado “declaração sobre os encontros do embaixador Mushingi com a liderança angolana”, fazendo as devidas correções, enquanto a DW da Alemanha, citava um oficial da embaixada que reconhecia  que o diplomata terá falado mais do que o previsto.


Ao retificar as declarações do novo embaixador, os EUA através da sua missão diplomática referem que “não são estranhos ao processo democrático e à vigilância contínua necessária para garantir que todos os cidadãos tenham a oportunidade de eleger os seus representantes num clima livre de violência e intimidação”. 


Referem ainda ao  apoio por uma Angola democrática, em que “continuarão a envolver todos os partidos políticos, bem como a sociedade civil Angolana”, acrescentando que “Os Estados Unidos orgulham-se de apoiar as reformas democráticas de Angola por meio de formação disponível para todos os partidos políticos e a sociedade civil na busca de um objectivo comum: abraçar a democracia plena com eleições livres, justas e credíveis”. 


Os Estados Unidos, segundo o comunicado  “acreditam que Angola tem uma oportunidade, nas próximas eleições, para demonstrar o seu compromisso com a democracia através de eleições livres, justas e transparentes. Como parceiro para o progresso, continuaremos a trabalhar com representantes do governo Angolano escolhidos pelo povo Angolano, sociedade civil Angolana e o sector privado em benefício do povo Angolano e Americano”. 


Está deverá ser a primeira vez que a embaixada dos EUA, faz correções logo após as declarações de um chefe de missão. O que quer dizer que notaram as declarações do novo embaixador foram desajustadas  e decidiram fazer correções. O comunicado é claro.  Os EUA, estarão a ver algo no túnel e anteciparam-se a apelar que querem para Angola “eleições livres, justas e credíveis”. Foi justamente assim que travaram a fraude na Zâmbia, resultando em sanções:  “só não vê quem não quer”.


JOSÉ GAMA


OBS: O comunicado da embaixada dos EUA foi completamente ignorado pela media controlada pelo regime pelo que pode lê-se neste link: https://ao.usembassy.gov/pt/declaracao-sobre-os-encontros-do-embaixador-mushingi-com-a-lideranca-angolana/




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