As primeiras eleições livres e justas de um regime amigo, que terão levado ao MPLA, pensar duas vezes para que o fenômeno não lhe atingisse aconteceu em Janeiro de 1991, com Cabo Verde. O PAICV realizou eleições transparentes e como “consequência” foi para oposição com 26, 5% dos votos. Só depois de 10 anos é que conseguiu voltar ao poder. Na primeira semana de Março, deste mesmo ano, um outro amigo tradicional do MPLA, neste caso o MLSTP de São Tome e Príncipe, passou também para oposição com 30,5%. As primeiras eleições de São Tome foram em simultâneo com as do Benin, que levaram também o ditador Mathieu Kérékou, para a oposição com 32, 46%, depois de 21 anos de regime militar.
As derrotas do PAICV, e do MLSTP, com as humilhantes percentagens inferiores a 30%, levou o MPLA, a FRELIMO, a ZANU de Robert Mugabe, a endurecerem os seus regimes, inviabilizando os processos democráticos. Terão jurado nunca cometer o erro dos seus amigos, de realizar eleições sem haver garantias de que têm o controlo da maquina eleitoral.
Em 2020, aconteceu um novo fenômeno que voltou a mexeu com a “sensibilidade” destes estes três partidos históricos da SADC. As eleições do Malawi, RDC Congo, e Zâmbia, que levou a oposição ao poder. Na África do Sul, o ANC tem perdido os principais municípios para a oposição. Em Novembro de 2021, perdeu 46% das autarquias. Um acadêmico Ralph Mathekga, produziu um estudo “The ANC’s last decade” explicando que o partido no poder ANC, pode perder a sua hegemonia depois de 2027.
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O mesmo tem acontecido com a SWAPO da vizinha Namíbia, que nas autarquias perdeu cidades como a capital Windhoek. A SWAPO, olha com preocupação, o exemplo destes três países da região da SADC, onde o poder passou para a oposição.
Em Outubro de 2021, militantes da SWAPO, durante um debate no grupo “Swapo Solidarity” citavam o MPLA, como potencial candidato para ser o próximo da SADC a ser afectado pelo fenómeno regional. Os jovens da SWAPO, procuravam entender a perca de popularidade de João Lourenço, questionando se era por causa da pressão da juventude “frustrada” ou se era pela forma que tratava o seu antecessor José Eduardo dos Santos.
Pelo menos, dois dos partidos da oposição que nas últimas eleições da SADC, chegaram ao poder, assim aconteceu com a ajuda da consultora de marketing israelita ADI TIMOR. Quando o regime angolano tomou conhecimento que esta mesma consultora estava a assessorar a UNITA, tentou uma aproximação (interpretada por aliciamento), mas os responsáveis desta consultora terão replicado que por questões de ética empresarial não podem trabalhar para a campanha do MPLA.
A recusa por parte consultora ADI TIMOR, deu lugar a fenômenos inéditos. Em Fevereiro deste ano, depois de tomar conhecimento que Adalberto Costa Jr estava em Israel, a convite da ADI TIMOR, o Presidente João Lourenço, solicitou um contacto telefónico com o novo Primeiro Ministro de Israel, Naftali Bennett, que é o alto oficial que trata da politica externa, deste país, mas por indisponibilidade deste, requereu como alternativa um telefonema ao Presidente daquele Estado.
O Blog “ TribunadeAngola.org “, associado ao regime por se empenhar na campanha de destruição da imagem dos opositores políticos, passou a produzir textos denigrindo a consultora ADI TIMOR, dizendo que a mesma é formada por antigos especialistas da Mossad, e que poderá “usar” a UNITA para fazer “insurreição popular”. Há poucos semanas, Carlos Alberto, dos Serviços de Inteligência de Angola, moveu também uma campanha contra a mesma empresa, e divulgou copia do passaporte de uma das suas responsáveis, que lhe terão sido fornecido pelas autoridades angolanas.
As ações do MPLA, nestas eleições como fabricação de sondagens que lhe atribuem 59% dos votos, e a divulgação de números superiores a capacidade dos lugares onde realiza os comícios pronunciam que detém alguma informação de desfavorecimento. O mesmo se passa com os discursos do Presidente João Lourenço, que nos últimos dias revelam de um homem com pânico de não vir a ser reeleito.
JOSÉ GAMA
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