Esperado amanhã, quinta-feira, em Barcelona, Luís dos Santos terá a palavra decisiva sobre o desligamento ou não do equipamento que mantem artificialmente vivo o antigo Presidente José Eduardo dos Santos.
Na manhã desta quarta-feira, em novo encontro com o corpo clínico que acompanha o pai, as filhas Isabel e Tchizé aparentemente ficaram convencidas de que humanamente nada mais pode ser feito para salvar o paciente. O cardiologista espanhol que acompanha José Eduardo dos Santos há vários anos reiterou hoje o que as filhas já sabem há pelo menos uma semana: o antigo Presidente não acordará do coma em que se encontra.
Na quarta-feira passada, e após serem informados que o coma do pai era irreversível, Isabel e Tchizé decidiram que a clínica deveria manter a máquina ligada, mesmo que elas próprias suportassem os custos resultantes da sua decisão.
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Na altura, as duas filhas fizeram saber que só concordariam que se desligue a máquina se os médicos lhes dissessem que nenhum dos órgãos de Eduardo dos Santos, nomeadamente o coração, está a funcionar, o que não era o caso naquele momento.
Na manhã de quarta-feira, Isabel e Tchizé tiveram um banho de água fria quando o cardiologista que acompanha o pai há já vários anos lhes confirmou o pior cenário.
Imediatamente a seguir ao encontro com o corpo clínico, a mando de Isabel dos Santos um camião de mudanças recolheu todo o mobiliário da casa habitada por José Eduardo dos Santos.
Isabel dos Santos ordenou que fosse recolhida até a cama em que o pai dormia. “Só ficou a roupa do pai para o tio Luís dos Santos levar a Luanda”, segundo descrição disponível nas redes sociais de alguém que aparentemente assistiu à completa desova da luxuosa casa habitada pelo antigo Presidente angolano.
Aparentemente, a recolha do mobiliário indica que Isabel dos Santos já não se oporá a que seja desligada a máquina que mantem o pai artificialmente vivo. Mas não dá nenhuma indicação sobre como lidará com cadáver de José Eduardo dos Santos.
Tchizé dos Santos tem-se repetido em declarações de que se oporá terminantemente à transladação do cadáver para Angola, para ser sepultado com as honras de Estado que lhe são devidas.
Numa dos mais recentes áudios, Tchizé disse mesmo que o pai lhe teria manifestado o desejo de ser enterrado em Espanha. No entanto, ela não diz quando, onde e nem em quê circunstâncias José Eduardo dos Santos teria dito tal coisa.
Não se sabe como Tchizé reagirá a uma opinião de Luís dos Santos eventualmente favorável ao desligamento da máquina que mantém o irmão José artificialmente vivo.
A duas filhas de José Eduardo dos Santos declararam guerra sem quartel à quase viúva Ana Paula dos Santos e à tia Marta, irmã caçule de José Eduardo dos Santos, ambas aparentemente favoráveis ao desligamento do equipamento.
Ana Paula e Marta dos Santos vivem na casa que ficou sem mobília.
Sem cama para dormir na mansão “familiar”, Luís dos Santos deverá instalar-se numa unidade hoteleira.
A decisão tomada por Isabel dos Santos em Barcelona não é muito diferente do que sucede nalgumas comunidades rurais angolanas a respeito dos despojos de um ente falecido.
Essas disputas, geralmente barulhentas, são associadas à matumbice.
Culta e milionária, não era expectável que Isabel dos Santos fosse protagonista de um episódio tão miserável.
Afinal e como ensina a sabedoria popular, no melhor pano cai a nódoa.
Correio Angolense
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