"Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância".
Sócrates
Tentei, nos textos anteriores, evidenci ar do modo que sei, várias situações da nossa actual vida em sociedade, na qual me parece que o Executivo, aparen temente, se encontra a caminhar bem. Mas não deixei de referir as outras que estão de claradamente mal, nalguns casos muito mal mesmo. Não é necessário ser perito para avaliar bem esses casos.
Diferenciar o bem do mal é uma das missões a que me propus ao preencher semanalmen te esta coluna de crítica social. No meu mo desto entender, as coisas boas merecem re ferência por representarem sempre melhoria e de algum modo contribuírem para a eleva ção do nosso ânimo e determinação em man ter-nos vivos. São, inegavelmente, mostra de crescimento, por muita vontade (quase sem pre justificada) que se tenha de admitir o contrário. Como esperava, a minha empenha da tentativa não correu totalmente bem. Julgo que o meu discurso não foi bem interpretado. Existem, são por demais conhecidas e em número razoável, razões objectivas que le vam camadas da população a desconfiar das boas intenções das políticas e acções repu blicanas em curso em Angola. Muitas das motivações são bem fundamentadas.
Fisioterapia ao domicílio com a doctora Odeth Muenho, liga agora e faça o seu agendamento, 923593879 ou 923328762
Na verdade e por exemplo, os entendidos em matéria de saúde defendem que a "dinheira ma" gasta recentemente em hospitais de pri meira linha dava perfeitamente para erguer centenas, muitas centenas de postos médi cos bem equipados pelo país inteiro e desse modo servir melhor a população. Nunca opi nei o contrário mas, fossem quais fossem as intenções governamentais a esse respeito, os hospitais foram construídos, alguns serviços importantes instalados, e não há forma de nos esquecermos que eles existem. Resta nos esperar que uns e outros, venham a cum prir a sua missão e que essa não seja apenas a de servir as elites do país. Caso contrário e obviamente, insistiremos no nosso libelo acu satório.
Quem fala de hospitais fala de grandes fa zendas agrícolas, investimentos de valores superiores a cem milhões de dólares, uma área questionada por não ter a ampla serven tia desejada, por servirem apenas alguns in teresses, ou seja, os mesmos de sempre. E é inevitável que ao falar-se de aeroportos se pense imediatamente no "mono" que se constitui o aeroporto do Luau, segundo é dito, a apodrecer sem nunca ter recebido aviões. E como esse outros que foram sendo construídos aqui e ali, sem regra nem critério. Claramente, sem necessidade. É evidente que existem flagrantes diferenças entre estes e o moderníssimo Aeroporto Internacional Dr. Agostinho Neto. Uma arma apontada para o progresso que vai fazer a diferença e ser ele mento importante no aliciamento ao investi mento estrangeiro. Que assim seja!
O crescimento do PIB é conjuntural, efeitos da guerra da Ucrânia, diz quem entende des tas coisas da economia. Conjuntural ou não, eu só espero que ele se aguente por muito tempo e não deixe de crescer. Que cresça com ele o nível de vida das populações ca rentes. Há os prós e os contra nesta conjun tura e há, por isso, quem se indigne e diga que só não vê desenvolvimento, quem não quiser ver! Mas, fugindo dessas controvérsi as, eu penso que o grande problema da go vernação do nosso país consiste no facto de estar praticamente sufocada e dependente da organização política que a sustenta. É, por isso, líquido deduzir-se que, nas actuais condições, seja muito difícil progredir satisfa toriamente (o nível de crescimento alcançado em quatro décadas é demonstrativo). Sou, por essas circunstâncias, adepto de uma me dida que torne importante anunciar-se o fim de ciclo do consenso multipartidário em vi gor. Mais do que nunca, torna-se absoluta mente necessária e urgente a implantação das autarquias locais e retirar o domínio par tidário sobre o aparelho governamental (inde pendentemente dos resultados do pleito que se avizinha, deverá ser preocupação de quem venha a ser governo). Chegou a hora dos partidos políticos valerem-se dos seus próprios recursos e não sobreviverem à custa do Estado e, naturalmente, dos contribuintes. A lei determina com rigor o nível de apoio a que têm direito.
Resultariam dessa atitude natural mas neces sariamente corajosa, exigências tais como a incontornável revisão da CR, há muito no topo das preocupações da sociedade, segui da de actos ainda ausentes e responsáveis pela promiscuidade que conhecemos, um elemento prejudicial do desenvolvimento es truturado de qualquer governo dito democrá tico e inclusivo. Não é segredo para ninguém que esta enorme ausência tem provocado situações opressivas vindas de práticas cal cinadas pela antiguidade, mais acentuadas, por motivos óbvios, ao longo do mandato go vernamental prestes a terminar, nomeada mente: a eleição do CNE, o TC e as suas de cisões (algumas a beirar o patético), o MAT e a lista dos morto-vivos (uma aberração), a contagem dos votos em Luanda, o número de observadores autorizados e, naturalmente, a vergonhosa actuação da mídia estatal. Não tenhamos pejo em aceitar a realidade dos factos.
De resto, fica clara para qualquer ci dadão avisado, a insensata utiliza ção pela classe política no poder, deste princípio explícito e redutor posto em prática: quando tens tudo sem que ninguém te impeça, deixas de precisar de pensar, porque tudo o que te beneficia é normal.
Com o devido respeito que todos me mere cem, direi, não obstante, que deste mal são atacados grande parte dos responsáveis do partido maioritário, espalhados pelo país e os muitos directores e PCAs de empresas e ins tituições públicas em funções. A sua interfe rência na acção governativa é indesmentível. Condenável a todos os títulos, obriga a que o país esteja decididamente mal. Chamem-me sonhador, pouco importa, mas registem o meu pensamento. Incuta-se nesses agentes e funcionários públicos, a noção milenar de que o poder corrompe, e a verdade revela dora do facto de os oportunistas desapare cem de cena ao verem-se na oposição. É realista a ideia de que para bem de todos os angolanos, será inevitável vermos este cená rio num dia qualquer, porque a desordem não pode durar eternamente. Para bem do nosso país, é necessário que se pense melhor o seu futuro.
Virá depois, um dia qualquer, a parte difícil, o exame final, a prestação de contas do dinhei ro que se gasta sem contenção, pois os cida dãos estão atentos e preparam-se. Hoje ou amanhã, surgirão os peritos que vão esclare cer e dizer ao povo o que está ou esteve bem e o que está ou esteve mal contabilizado. Eu tenho para mim esse cenário como infalível. A Justiça cumprirá um dia, final e cabalmen te, a sua missão. É dessa convicção que me vêem alguns lampejos de critério a aconse Ihar-me. Então aviso que esta não é a hora nem o momento de se criar a famosa, a forte e ansiada burguesia nacional. Essa terá sido identificada em tempo útil e, por sinal, deu-se mal na primeira mostra. A emergente de ago ra poderá estar a correr o risco de ser despo jada do que supostamente já terá acumulado. Fortifique-se sim, com regras e incentivos dignos a classe média angolana e favoreça se decididamente a outra, a classe mais des protegida do nosso povo. Deixem de ser ali mentados sonhos milionários que toldam a mente dos jovens e dos lunáticos. Ponham os pés no chão, vivam bem, o melhor possível, mas, por favor, esqueçam vidas do tipo Aris tóteles Onassis de ontem ou de Bill Gates e seus pares de hoje em dia. A menos que ga nhem honestamente o que sustenta esse tipo de vida.
Por hoje é tudo. Na expectativa duma campa nha eleitoral decente, despeço-me de todos os meus leitores. Aguardo-vos no próximo domingo à hora do matabicho.
Luanda, 23 de Julho de 2022
Lil Pasta News, nós não informamos, nós somos a informação
0 Comentários