A insubordinação dos filhos à hierarquia familiar africana - Ismael Mateus



Os exemplos vêm de cima, diz o ditado. Quando as “primeiras “famílias do país dão mostras de desestruturação, podemos imaginar o que se passa na base e quão profunda é a crise dos valores familiares.


A nossa sociedade é bantu, africana e tem uma cultura própria. Ao longo dos últimos anos, o processo de aculturação que invade o país atinge principalmente a família. Tudo começa na alteração do nosso (africano) conceito de família, que se pretende agora que signifique apenas "um conjunto de pessoas que residem num mesmo domicílio, ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência”.





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Essa visão restritiva da família choca grandemente com a ideia de família que resulta das nossas culturas, em que se valoriza quem participa da educação da criança. A noção de relação familiar ultrapassa a dimensão biológica e abarca todas as relações próximas que podem interferir na formação da personalidade das novas gerações, como são os casos dos amigos mais próximos dos pais; vizinhos, padrinhos e tios. Ao contrário do que acontece nos países retratados nas telenovelas, entre nós a família ampla, na qual se misturavam avôs, tios, primos e irmãos, não desapareceu. A família ampla existe, tal como as suas regras de convivência, de resolução de conflitos e de harmonização dos problemas familiares. É a acção humana, incluindo do Estado, que está a fragilizar ou a substituir essas regras seculares de convivência, acelerando o processo de desestruturação familiar.


Todos estes familiares, pertencentes a tal ampla acepção, assumem a responsabilidade de adequar o comportamento das novas gerações aos valores da sociedade, transmitindo-lhes hábitos, linguagem e cultura, o que mais tarde virá a contribuir para o seu equilíbrio, desenvolvimento afectivo e preparação para os diferentes momentos emocionais da vida.


Temos, na verdade, um sistema sólido e eficaz, herdado dos nossos ancestrais e, ao invés de o preservarmos e dele tirar o maior proveito, estamos a destruí-lo. Em vez de reforçar o papel do conselho da família na resolução dos conflitos conjugais, criamos estruturas na OMA e no Ministério da Família. Em vez dos tios, a autoridade passou para os endinheirados. Estamos a caminhar para um abismo do mundo ocidental, onde mais 60 por cento dos domicílios são monoparentais e nos restantes.



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